Em vídeo publicado nas redes sociais na tarde do último sábado (5), o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) criticou duramente a proposta de anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e acusou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de omitir os verdadeiros objetivos do projeto.
Intitulando sua postagem como “O que o Nikolas Ferreira não te contou”, Boulos afirma que o projeto de lei em debate vai muito além de beneficiar manifestantes presos: “O objetivo não é salvar a mulher do batom, é salvar o Bolsonaro da cadeia. Não tem nada de humanidade, é só jogo político”, declarou.
Segundo o parlamentar do Psol, o texto da proposta prevê o perdão de crimes políticos cometidos desde 30 de outubro de 2022, data do segundo turno da eleição presidencial vencida por Luiz Inácio Lula da Silva. Para Boulos, a medida foi desenhada para proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro, militares e parlamentares envolvidos nas articulações golpistas que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“O que eles não querem que você saiba é que o projeto de lei que eles fizeram prevê a anistia, ou seja, o perdão de todos os crimes políticos a partir de 30 de outubro. A defesa dos condenados do 8 de Janeiro é só um bode expiatório para perdoar o Bolsonaro, os generais e os próprios deputados bolsonaristas”, afirmou.
Boulos também criticou o movimento que busca minimizar os impactos dos ataques. “Eles dizem que o 8 de janeiro não teve consequências sérias. Sabe o que eles escondem? O sargento Júnior foi agredido quando tentava proteger o prédio do Congresso. Recebeu diversos golpes com barra de ferro”, exemplificou.
O deputado comparou a tentativa de golpe à impunidade verificada durante a ditadura militar, citando vítimas da repressão como Vladimir Herzog, Zuzu Angel e o coronel Brilhante Ustra. “Anistiar quem planejou e executou um golpe de Estado é dizer que vale tudo, desde que você tenha força política. É ensinar que a lei só pega o pobre, o fraco e o sem influência.”
A publicação de Boulos segue a mesma linha adotada por sua correligionária Erika Hilton, que também respondeu a vídeos de Nikolas Ferreira com estética semelhante: fundo monocromático, trilha sonora tensa, legendas marcadas e capturas de tela que reforçam os argumentos apresentados. Ambos rebatem o discurso do parlamentar bolsonarista, que tem criticado o endurecimento no controle de transações financeiras, como o uso do Pix, e defendido a anistia como gesto de “paz e reconciliação”.
A proposta de anistia ainda está em tramitação e tem gerado forte polarização entre os parlamentares, especialmente em um ano que marca o aprofundamento das investigações sobre os atos de 8 de janeiro.