A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (26) uma nova operação que tem como alvo o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, acusado de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e em outros tribunais. A operação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), inclui a prisão preventiva de Andreson e mandados de busca e apreensão contra assessores de ministros do STJ, entre eles chefes de gabinete.
Assessores ligados aos ministros Isabel Gallotti e Og Fernandes estão entre os alvos das buscas, devido a menções em diálogos atribuídos ao lobista. A PF também investiga desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, suspeitos de participação no esquema. Dois deles, Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, que já estavam afastados, foram obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas.
Em nota, a Polícia Federal detalhou que o esquema envolve advogados, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados. Além da prisão de Andreson, a operação cumpre 23 mandados de busca e apreensão.
O esquema veio à tona após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, no final do ano passado. A análise do celular de Zampieri revelou mensagens entre ele e Andreson que sugeriam a venda de decisões judiciais. A partir disso, o material foi encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e compartilhado com a PF, que aprofundou as investigações.
Segundo os investigadores, Andreson compartilhava minutas antecipadas de decisões do STJ e afirmava ter influência sobre assessores do tribunal. Apesar de se apresentar como advogado, ele não possui registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Sua esposa, Mirian Ribeiro Gonçalves, é advogada e teria atuado em processos onde o lobista agia nos bastidores.
Andreson acumulou um patrimônio milionário ao longo dos anos e é acusado de afirmar ter influência sobre o ministro do STF Kassio Nunes Marques. Ele já havia sido alvo de uma operação da PF em outubro, que investigava suspeitas de venda de decisões no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, resultando no afastamento de cinco desembargadores.
A defesa de Andreson Gonçalves informou que está acompanhando a operação, mas não se pronunciou até o momento.
As investigações seguem em andamento e têm potencial para desvendar um dos maiores esquemas de corrupção envolvendo o Judiciário brasileiro nos últimos anos.