Um adolescente de 15 anos foi esfaqueado nas costas por um colega de 14 anos, na tarde de ontem (8), dentro do Colégio Cívico-Militar CED 02 de Brazlândia, por volta das 13h. Inicialmente tratado como mais um caso de violência nas escolas do Distrito Federal, o episódio passou a ser investigado sob outra perspectiva: a de legítima defesa.
A apuração conduzida pela Delegacia da Criança e do Adolescente II (DCA II) concluiu que o jovem que desferiu o golpe agiu para se proteger. Segundo o delegado Paulo Martinelli, responsável pela investigação, o adolescente de 14 anos vinha sendo alvo de ameaças e agressões físicas por parte da vítima.
“Na segunda-feira, o adolescente que foi ferido deu um soco nas costas do outro e ontem, de forma injustificada, o agrediu com um soco no rosto no pátio da escola. O jovem, que já se sentia acuado e estava com uma faca na mochila, reagiu à nova agressão e acabou atingindo o colega”, relatou Martinelli.
O ferido foi socorrido imediatamente por servidores da escola e encaminhado ao Hospital Regional de Brazlândia. A equipe médica informou que o ferimento foi superficial e que o jovem não corre risco de morte. A faca usada tinha cerca de seis centímetros de lâmina.
O autor da facada foi apreendido ainda na escola e levado à delegacia, acompanhado de um responsável legal. Após análise das evidências e depoimentos, a Polícia Civil do DF decidiu não indiciá-lo, reconhecendo a legítima defesa. Já o adolescente ferido foi indiciado por lesão corporal, mas, por ser menor de idade, foi liberado na presença da mãe — que não concordou com o encaminhamento do caso.
De acordo com a diretora da escola, que presenciou o incidente, o adolescente ferido tem histórico de brigas, provocações e comportamento desafiador com professores. O outro aluno é descrito como tranquilo e sem registros anteriores de problemas disciplinares.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal afirmou que a situação foi rapidamente controlada por servidores da unidade, que acionaram os serviços de emergência e as autoridades competentes. A Diretoria de Atendimento e Apoio à Saúde do Estudante (DIASE/SUAPE) já mobilizou uma equipe para atuar na escola com ações de acolhimento e apoio psicossocial à comunidade escolar.
A Polícia Militar destacou que o colégio possui baixo índice de ocorrências e que, apenas neste ano, já recebeu 35 visitas preventivas do Batalhão de Policiamento Escolar (BPEsc).
O caso reacende o debate sobre os limites da disciplina, o papel da mediação de conflitos no ambiente escolar e os desafios da segurança nas instituições de ensino.