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Instituto de Tony Blair se alia à Oracle e promove implementação de IA no Brasil

por Redação Capital Brasília
25 de setembro de 2025
em Brasil, Política
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Instituto de Tony Blair se alia à Oracle e promove implementação de IA no Brasil
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A “era da IA” é inevitável, e por isso governos de todo o mundo devem digitalizar seus serviços, permitir o compartilhamento de dados e fechar “parcerias” com entidades privadas. Esse é o discurso que baseia a atuação do Tony Blair Institute for Global Change, ou TBI, fundado pelo ex-primeiro-ministro britânico de mesmo nome. Em agosto de 2024 o TBI iniciou um processo de aproximação com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP) do Brasil prometendo “apoiar” o governo brasileiro na implementação do Plano Nacional de Inteligência Artificial (PBIA), lançado em julho do ano passado para impulsionar o desenvolvimento da tecnologia no Brasil.

Documentos acessados pela Agência Pública revelam como a organização recém chegada no Brasil conquistou espaço dentro do Ministério e se articulou para fechar uma parceria com a pasta, cujos termos ainda não foram tornados públicos.

Apesar de dizer oferecer “consultoria técnica” e conselhos de “experts internacionais”, o instituto tem relações próximas com a Oracle, empresa de softwares e IA. Entre 2021 e 2023, a fundação pessoal de Larry Ellison, cofundador e presidente executivo da empresa e um dos homens mais ricos do mundo, investiu 130 milhões de dólares no instituto (cerca de 690 milhões de reais) e já prometeu investir mais 218 milhões de dólares (mais de 1 bilhão de reais). É o que demonstra uma investigação do projeto A Mão Invisível das Big Techs, uma coalizão de 17 organizações de jornalismo trabalhando em 13 países, liderada pela Agência Pública e pelo Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (CLIP), para investigar o lobby das Big Techs ao redor do mundo.

No início deste ano, o Tony Blair Institute convidou a ministra Esther Dweck para um evento no qual o bilionário Larry Ellison defendeu que os governos precisam “unificar todos os seus dados para que possam ser consumidos e utilizados pelo modelo de IA”. A fala ocorreu durante um debate entre Blair e Ellison no World Governments Summit, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A ministra não compareceu. O email para que ela reservasse a data destacou o estabelecimento de parcerias entre o TBI, governos e setor privado, mas não citou que o empresário e financiador do instituto estaria por lá.

“A Oracle e a TBI são inseparáveis”, disse um ex-consultor sênior do instituto no Reino Unido ao Lighthouse Reports, que também é membro da aliança investigativa transnacional A Mão Invisível das Big Techs. “Quando se trata de política tecnológica, o papel do TBI é ir às economias em desenvolvimento e vender a elas as tecnologias de Larry Ellison”, disse. “É difícil expressar o quão profundamente conectadas as duas [organizações] estão”, disse outro ex-funcionário do instituto.

Hoje, Ellison é o segundo homem mais rico do mundo — ele chegou a superar Elon Musk e ocupou o primeiro lugar no ranking por algumas horas em 10 de setembro.

Ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, recebe a visita do ex primeiro ministro do Reino Unido, Tony Blair, em 25 de novembro de 2024.

O grupo chegou oficialmente ao Brasil no fim do primeiro semestre do ano passado. Ao longo de pouco mais de um ano, teve ao menos 21 encontros com autoridades públicas. O próprio Tony Blair veio ao país e esteve presente nos encontros com membros do alto escalão, como o presidente Lula, as ministras da gestão, Esther Dweck, e do meio ambiente, Marina Silva, além de integrantes do Ministério das Relações Exteriores. As reuniões foram mapeadas a partir de dados da Agenda Transparente, uma ferramenta da Fiquem Sabendo, e registros de comunicação entre janeiro de 2023 e abril de 2025, acessados via Lei de Acesso à Informação pela Pública.

Desde que assumiu seu terceiro mandato, Lula já se reuniu duas vezes com Blair. Na primeira, em setembro de 2023, os líderes debateram o papel do Brasil na governança global e o combate à pobreza. Na segunda, que ocorreu em julho de 2024, quando o Instituto Tony Blair estava iniciando seus trabalhos no país, os dois falaram da volta do Partido Trabalhista ao poder no Reino Unido, após 14 anos de governos conservadores. A reportagem solicitou acesso a atas, notas ou gravações dos encontros, mas a Presidência afirmou que esses documentos não existem.

Como principal rosto da fundação, a ida do ex-primeiro-ministro a países onde o TBI se instalaria também se repetiu em outros países, como no Quênia e na Indonésia.

No Brasil, a aproximação que mais rendeu foi com o ministério de Dweck, responsável por 14 das 21 reuniões. Desde que chegaram ao Brasil, os funcionários do instituto pediram encontros, convidaram a ministra para eventos internacionais e enviaram propostas de colaboração. Em diversos momentos, o TBI reiterou que o grupo já estava instantaneamente pronto para “apoiar” na definição de objetivos, na “transformação” digital do Estado e no fornecimento de “consultoria técnica sobre estratégia, política e implementação de fundamentos tecnológicos” ligados ao PBIA ou a outros objetivos do ministério. 

O instituto manteve diálogo com diferentes secretarias do ministério ao mesmo tempo, com foco na Secretaria de Governo Digital (SDG) e na Secretaria Extraordinária de Transformação do Estado (SETE). Por vezes, se reunia com uma de manhã, e com a outra pela tarde.

A insistência gerou frutos, e a última reunião do TBI registrada na agenda dos funcionários do ministério, em 6 de junho deste ano, indica o possível estabelecimento de uma “parceria” entre a SETE e o grupo. O Ministério não respondeu aos questionamentos da Pública sobre os termos da colaboração, disse apenas que interagiu com o instituto, mas que a parceria “não foi formalizada”. Um assessor também afirmou que não há diálogo “no momento” com o instituto em razão de uma “mudança de foco da gestão”.

Um porta-voz do Instituto Tony Blair também disse que “não há projeto” com o ministério, que não fizeram “nenhuma recomendação sobre nenhum fornecedor”, e que as posições políticas do grupo estão disponíveis publicamente, como neste link.

Para o diretor e fundador do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec), André Fernandes, a utilização de um grupo de sociedade civil para defender os interesses de uma empresa “burla a regra do jogo”. Ele explica que a função da sociedade civil é defender o interesse coletivo, não o privado, e que esses grupos podem acabar “chancelando” interesses empresariais e caracterizando-os como “neutros”, quando não o são.

Fernandes também destaca que há “uma série de assimetrias” no acesso ao governo federal, que tem privilegiado empresas e organizações grandes ou do Norte Global. “É mais fácil para eles chegarem como Instituto Tony Blair e conseguirem agendas com todos os níveis de poder, municipal, estadual e federal, do que a gente”, explicou.

Em outros países, o apoio oferecido pelo TBI levou à aparente promoção dos produtos da Oracle, como revelou reportagem do Lighthouse Reports e Democracy for Sale, parte desta investigação transnacional. Em agosto de 2024, uma publicação do instituto sobre o uso de dados públicos de saúde do Reino Unido pela IA disse que havia “boas razões” para usar um sistema administrado pela Oracle. O grupo também disse que utilizar um sistema administrado pela rival Palantir seria “uma opção controversa”. O TBI segue atuando para permitir o uso dos dados do sistema público de saúde no Reino Unido. Leia a reportagem completa.

Em resposta à Pública, o porta-voz da Oracle afirmou que o “TBI e Oracle são duas entidades separadas. Colaboramos com a Oracle para apoiar o trabalho que fazemos em alguns dos países mais pobres do mundo, e temos orgulho disso. (…) O TBI não defende os interesses comerciais da Oracle, nem de nenhum fornecedor de tecnologia.”

A Larry Ellison Foundation, que fez as doações ao TBI, não respondeu a um pedido de comentários quando contatada pelo especial A Mão Invisível das Big Techs.

A chegada no Brasil

Fundado pelo ex-primeiro-ministro britânico em 2016, o Instituto Tony Blair é uma organização sem fins lucrativos que busca “ajudar governos e líderes a transformar ideias ousadas em realidade” por meio do aconselhamento em estratégia e construção de políticas públicas, com foco no “poder da tecnologia”. A princípio, o instituto tinha como ideal “fazer com que a globalização funcione” para a maioria da população mundial, e mais recentemente o uso de tecnologias como a IA passou a integrar a missão do grupo.

Tony Blair foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 1997 e 2007 e liderou o Partido Trabalhista entre 1994 e 2007.

Atualmente, a entidade emprega quase mil funcionários, atuantes em 45 países — um crescimento grande em comparação com maio de 2024, quando divulgava ter mais de 800 funcionários.

Em maio do ano passado, o TBI dizia que estava “nos estágios iniciais de colaboração com o governo brasileiro, tendo se envolvido em discussões construtivas” sobre “análise e aconselhamento em política externa” e “clima e finanças sustentáveis”. Um dos motivos da criação do escritório brasileiro foi o “período crucial” que o país viveria por presidir o G20, a COP 30 e o BRICS, indicou o diretor interino Pedro Simão, que antes era diretor do TBI em Moçambique, na África Oriental.

No Brasil, o instituto firmou parcerias com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), um think thank de relações internacionais, e com a empresa Colab, que fornece tecnologias para digitalizar serviços públicos e “conectar os cidadãos às prefeituras”. As instituições estariam “desempenhando um papel importante no apoio ao governo no avanço da tecnologia e da transformação digital”, disse a associada e consultora global, Alejandra Finotto, que morou por sete meses no Brasil para “fortalecer” a versão local do TBI. A aliança com entidades locais tem auxiliado o instituto a construir relações e participar de eventos, como a Expo Curitiba 2025 em março, onde o TBI promoveu um painel sobre “IA e a transformação digital a serviço dos cidadãos” , graças ao auxílio da Colab.

Aproximação com o Ministério da Gestão

A relação entre o Ministério da Gestão e o Instituto Tony Blair começou longe de Brasília – em Nova York. O primeiro contato por e-mail do TBI com o ministério foi um convite à ministra Esther Dweck para um evento com palestrantes de “alto nível” sobre IA e “identidade digital”, que discutiria “como os setores público e privado podem trabalhar juntos para aproveitar as oportunidades e mitigar os riscos dessa tecnologia”. O evento aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 24 de setembro do ano passado. O convite avisava que a mesa redonda seria “fechada”, “não aberta para mídia nem público”.

Dweck não pôde participar, mas enviou uma representante: a secretária adjunta de Governo Digital, Luanna Roncaratti, que se tornou um dos pontos focais da relação entre o TBI e o ministério. Além do Brasil, estiveram presentes ministros da Serra Leoa, Ruanda, Etiópia e Nigéria, e empresários das empresas de verificação biométrica e autenticação, iProov e Tech5, além da empresa de tecnologia Cybernetica e da de cartão de crédito e pagamentos, Visa. O evento ocorreu no prédio da Visa, mas foi organizado pelo TBI.

O ministério publicou uma matéria sobre a participação da secretária. De acordo com o texto, o evento foi centrado em “casos de sucesso e nos desafios na utilização da identidade digital para proporcionar melhores serviços públicos aos cidadãos”.

Convite oficial enviado pelo Tony Blair Institute ao governo brasileiro para evento da ONU sobre governo digital e inteligência artificial.
Convite enviado pelo TBI ao ministério, obtido via Lei de Acesso à Informação.

Seis dias depois, o diretor interino Pedro Simão enviou uma carta de agradecimento em nome do TBI pela participação da secretária. Simão reforçava que “a digitalização dos serviços públicos e o uso de IA pelos governos também são áreas centrais para o Instituto” e disse que já estava “apoiando algumas entidades governamentais” no Brasil, como a equipe do Embaixador André Aranha Corrêa do Lago, que se tornou em janeiro de 2025 o presidente da COP 30.

Menos de um mês depois, Simão mandou outro email, destinado à assessoria internacional do ministério, com Roncaratti e outros servidores em cópia. Pediu uma reunião no fim de outubro para dar “continuidade à interação” com a secretária e “levar uma primeira apresentação sobre possíveis áreas de apoio do Tony Blair Institute ao MGI”, por exemplo, na “implementação de algumas iniciativas estruturais do MGI no terceiro eixo do Plano IA para o Bem de Todos”, que promove o uso da inteligência artificial para a melhoria dos serviços públicos. O plano prevê o desenvolvimento de uma nuvem soberana para os dados públicos e a capacitação de servidores para o uso da IA.

A reunião aconteceu virtualmente e contou com a participação de quatro funcionários do ministério — entre eles Roncaratti e a coordenadora do Plano Nacional de Inteligência Artificial, Thaciana Cerqueira. Do lado do TBI, participaram Simão e outros três integrantes da versão brasileira do instituto, além de Johan Harvard e Lindsay Strouse, da equipe inglesa. Em resposta a um pedido de LAI da reportagem, o ministério afirmou que não produziu atas ou registros em áudio ou vídeo do encontro.

Mas os e-mails obtidos pela Pública mostram que o TBI saiu animado. Poucas horas após o fim da reunião, Simão enviou mais uma mensagem: “Ficamos muito satisfeitos com o alinhamento demonstrado durante a reunião, que abre excelentes perspectivas para uma parceria de alto impacto”. Ele enviou a apresentação feita na reunião e pediu feedbacks. Finalizou: “Estamos à disposição e prontos para iniciar o apoio de imediato.”

A reportagem solicitou acesso ao anexo do e-mail, mas o Ministério negou o pedido por considerá-lo um “documento preparatório”, destinado “a subsidiar a tomada de decisão quanto a uma eventual parceria futura”.

O ministério não respondeu, e, menos de duas semanas depois, Simão cobrou. Disse também que o TBI já estava preparando um “diagnóstico” sobre uma das questões discutidas na reunião, como “ponto de partida” para um possível apoio. O diretor interino adiantou também que, no final de novembro, Tony Blair planejava vir a Brasília e gostaria de se reunir com a ministra. O consultor sênior do TBI e ex-ministro da Índia, Rajeev Chandrasekhar, também viajaria ao país e estaria disponível para “brainstormings estruturados, workshops internos ou reuniões diretas com membros seniors”.

Quando as reuniões com os representantes internacionais da organização foram marcadas, Simão agradeceu e reforçou: “O Tony está bastante entusiasmado e com expectativas para essa reunião e em poder apoiar a agenda da Ministra”.

Foi a segunda vinda do ex-primeiro-ministro ao Brasil em menos de seis meses, e a terceira desde o início do mandato de Lula.

Tony Blair se encontrou com o presidente Lula em julho de 2024.

Após as reuniões, que ocorreram em 25 e 27 de novembro, Simão pediu mais uma reunião “para alinharmos os novos passos”. O encontro aconteceu em janeiro de 2025, quando a parceria começou oficialmente a ser desenhada. Depois de mais três reuniões entre janeiro e fevereiro, o TBI mandou um rascunho de um Memorando de Entendimento, documento que formaliza os termos de uma colaboração entre entre duas ou mais partes, e disse que os representantes do instituto estavam “abertos e flexíveis” para ajustá-lo.

O e-mail indica que a parceria incluiria um investimento de “recursos” do instituto, pois Simão afirmou que optou “por não quantificar, neste momento, os recursos que o TBI alocará para esse escopo”. Mas disse que isso também seria conversado. Luana encaminhou o documento para avaliação da equipe três minutos depois. Após mais duas reuniões em fevereiro — ambos os encontros não foram publicados nas agendas oficiais —, o Ministério retornou com uma “proposta de minuta de normativo para institucionalização do Núcleo de IA”, que também não foi compartilhada com a reportagem por ser um documento preparatório. Em retorno à reportagem, a assessoria do ministério disse que a reunião foi feita como corpo técnico do ministério, sem participação da alta gestão.

A reportagem questionou o ministério sobre qual seria o objetivo e destinação do recurso, se a quantidade foi definida, e se existem regras para o ministério receber dinheiro de organizações privadas, mas não teve resposta.

O TBI também promoveu um workshop voltado a servidores do ministério em 14 e 15 de abril. O treinamento contou com a participação de oito participantes do TBI, entre eles, Pedro Simão, e 16 do ministério — das secretarias de Governo Digital, de Serviços Compartilhados e de Transformação do Estado. A primeira proposta de treinamento apresentada pelo grupo, ainda em novembro, era de um evento com cerca de 1h30 de duração, que faria um “brainstorming estruturado acerca da Estratégia de Implementação”, impacto e ganhos rápidos do PBIA. Entretanto, o treinamento só ocorreu em abril do ano seguinte, com duração de dois dias.

Pedro Simão enviou a proposta em 21 de março prometeu que levaria uma “equipe de experts seniores em diversas áreas” que viajaria a Brasília para “realizarmos sessões de trabalho conjuntas e avançarmos em alguns pontos críticos que vocês destacaram na implementação do Plano IA para o Bem de Todos”.

Em retorno ao pedido de acesso a documentos sobre o workshop, o ministério disse que não houve produção de registros, mas adicionou que a reunião foi híbrida e abordou “os desafios do Brasil em temáticas relacionadas à governança digital voltadas para dados e inteligência artificial”.

Mais tarde, ao fim do segundo dia de workshop, a agenda pública dos servidores da Secretaria Extraordinária para a Transformação do Estado registra mais uma reunião com o TBI, mas não indica a pauta abordada. A secretaria também se reuniu separadamente com o instituto no dia 27 de fevereiro.

TBI contratou funcionário para implementar IA

Enquanto as negociações avançavam com o ministério, o instituto se adiantou e saiu em busca de um profissional para efetuar os acordos da parceria futura. Em 10 de março, abriu uma vaga para Gerente Sênior de IA e Transformação Digital. De acordo com o anúncio no LinkedIn, o escolhido iria “colaborar com as partes interessadas, incluindo o Governo do Brasil, para ajudar a desenvolver e implementar planos, estratégias e políticas e apoiar na entrega de soluções relacionadas ao uso de IA e aceleração de uma transformação digital mais ampla no país, incluindo consultoria sobre tópicos como infraestrutura pública digital”.

A descrição cita a “orientação no desenvolvimento e implementação do Plano Nacional de Inteligência Artificial”, como uma das principais responsabilidades do futuro gerente e diz que o profissional deverá “trabalhar próximo de órgãos governamentais a fim de moldar políticas e regulações para ajudar a fornecer serviços públicos mais eficientes e em maior qualidade, promover a adoção responsável de IA e beneficiar a população brasileira”.

O escolhido para o cargo foi Ricardo Vilella, que tem feito carreira em empresas de tecnologia: trabalhou como Gerente de Programas e Parcerias de Políticas Públicas na Meta entre junho de 2020 e maio de 2024, quando seguiu para o Google, onde foi Gerente Sênior de Extensão Cívica de agosto de 2024 até junho de 2025, data em que iniciou seu trabalho no TBI. O Núcleo Jornalismo, que também é membro desta investigação transnacional, mapeou que 15 grandes plataformas de tecnologia empregam 75 profissionais para construir relações com autoridades públicas e moldar e barrar legislações que afetem os interesses das empresas.

Vilella leva ao recém fundado TBI a proximidade com atores públicos com quem já tinha contato quando trabalhava no Google. Em outubro do ano passado, por exemplo, ele foi o responsável por oferecer um treinamento de IA para servidores da liderança da Câmara e representou a empresa no 1º e no 2º seminários de comunicação do Partido Liberal, em Brasília e em Fortaleza, conforme registraram reportagens da Pública.

Apresentação em conferência no Brasil sobre integração do YouTube com inteligência artificial, em evento que contou influencia ligada ao Tony Blair Institute.
Participação de Ricardo Vilella representando o Google no 2º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, em Fortaleza, Ceará.

Além da vaga ocupada por Vilella, o TBI já havia aberto outras cinco vagas no Brasil, assim que chegou ao país, em junho de 2024. “Buscamos agentes de transformação para se juntar à nossa crescente equipe no #Brasil e fazer parte da nossa expansão pelas Américas”, disse postagem do instituto. Na época, entretanto, não havia cargos ligados à IA, mas à discussão sobre clima e política externa.

A era da IA?

As apresentações feitas aos funcionários brasileiros mostram a visão entusiasta do TBI sobre a inteligência artificial e o avanço das tecnologias digitais. Em 15 de janeiro deste ano, por exemplo, em uma reunião com a Secretaria Extraordinária para a Transformação do Estado do Ministério de Gestão sobre a transformação do Estado no Brasil, os representantes do instituto defenderam que “a tecnologia torna este o momento mais emocionante – e impactante – para governar”.

Apresentação feita pelo Instituto Tony Blair a servidores do Ministério da Gestão em janeiro deste ano. Obtida via Lei de Acesso à Informação. 

O grupo também trata a chegada do que chamam de “era da IA” como inevitável, como mostra um convite recebido pela ministra Dweck para um evento promovido pelo instituto na França, sobre como governar na “era da IA”. “A IA está inaugurando uma nova era de oportunidades e desafios para governos em todo o mundo. Como eles devem responder?”, perguntava o convite, recebido no início deste ano. Dweck não compareceu.

“Estamos à beira da revolução mais transformadora desde a Revolução Industrial do século 19”, disse Blair sobre a IA, após destacar, entretanto, que não é especialista no assunto.

“A história mostra que, na verdade, não existe nenhuma tecnologia inevitável. Elas são fruto de decisões tomadas. Então, assim, se existe todo esse esforço para vender, já é uma prova de que não é inevitável, sabe?”, rebate o professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, Paulo Faltay.

Ele alerta que a noção da “inevitabilidade tecnológica” tem sido produzida “dentro desses lobbies e dessas ferramentas de pressão, especialmente junto de gestores e parlamentares, que às vezes, têm até uma boa intenção, mas são seduzidos por esse discurso de um solucionismo tecnológico”, explica.

Ex-funcionários do TBI ouvidos pelo Lighthouse Reports afirmaram que a abordagem “otimista em relação à tecnologia” da organização levou a falha em reconhecer potenciais desvantagens ou perigos das soluções tecnológicas, e dois disseram que seções sobre riscos em relatórios começaram a ser removidas por superiores. Nas apresentações do instituto acessadas pela Pública, não havia citação a riscos decorrentes da possível transformação digital do Estado.

“A lógica é reproduzir o Vale do Silício, não pensar quais são os problemas brasileiros efetivamente”, avalia Fernandes, do IP.rec.

Big Tech

A Mão Invisível das Big Techs é uma investigação transnacional e colaborativa liderada pela Agência Pública e o Centro Latinoamericano de Investigación Periodística (CLIP), em conjunto com Crikey (Austrália), Cuestión Pública (Colômbia), Daily Maverick (África do Sul), El Diario AR (Argentina), El Surti (Paraguai), Factum (El Salvador), ICL (Brasil), Investigative Journalism Foundation – IJF (Canadá), LaBot (Chile), LightHouse Reports (Internacional), N+Focus (México), Núcleo (Brasil), Primicias (Equador), Tech Policy Press (EUA) e Tempo (Indonésia). O projeto tem o apoio da Repórteres Sem Fronteiras e da equipe jurídica El Veinte, e identidade visual da La Fábrica Memética.

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