A forma como o corpo acumula gordura e desenvolve músculos não é só uma questão estética. Cada pessoa tem uma combinação única de fatores genéticos, hormonais e metabólicos que determinam o tipo físico, o ritmo do metabolismo e até a resposta ao exercício.
Essa diferença explica por que alguns têm facilidade em definir o abdômen, enquanto outros têm mais dificuldade para perder peso mesmo com dieta e treino. A composição corporal, que reúne massa magra, gordura, ossos e água, é o reflexo do equilíbrio entre alimentação, hormônios, genética e nível de atividade física.
Leia também
Por que a composição corporal muda de pessoa para pessoa
A forma como o corpo armazena gordura e desenvolve músculo varia de pessoa para pessoa. Nos homens, a testosterona concentra a gordura na região abdominal. Já nas mulheres, o estrogênio faz com que ela se deposite mais nos quadris e coxas, algo que ajuda a proteger o metabolismo e a fertilidade.
Com a queda do estrogênio durante a menopausa, essa gordura tende a migrar e se concentrar na região da barriga. O ritmo do metabolismo, o nível de estresse, a qualidade do sono e até o funcionamento da microbiota intestinal também influenciam essas mudanças.
Segundo a médica endocrinologista Érika Fernanda de Farias, do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, o corpo passa por ciclos hormonais que modificam o equilíbrio entre massa magra e gordura ao longo dos anos, explicando por que as mudanças corporais não acontecem de forma isolada.
“A composição corporal é moldada ao longo da vida. Fases como puberdade, gestação e menopausa alteram de forma significativa o padrão hormonal e, consequentemente, a forma como o corpo acumula gordura ou constrói massa magra”, explica Érika.
O que acontece quando há gordura abaixo do ideal
Apesar de muito se lutar contra a gordura, o tecido adiposo é essencial para a saúde e não pode desaparecer por completo do corpo. Ele participa da produção de hormônios, protege órgãos e ajuda a regular o sistema imunológico. Por isso, quando a gordura corporal fica abaixo do necessário, o organismo entende que há escassez e passa a economizar energia, desacelerando processos considerados menos urgentes.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os principais sinais de que o percentual de gordura está abaixo do ideal. Dentre eles, destacam-se:
- Irregularidade ou ausência de menstruação.
- Queda da libido.
- Cansaço constante e irritabilidade.
- Dificuldade para dormir e sensação de frio.
- Perda de massa muscular.
- Pele ressecada e queda de cabelo.
Nos homens, a redução extrema pode diminuir a produção de testosterona. Já nas mulheres, afeta a ovulação e desequilibra os hormônios ligados à fertilidade.
A gordura corporal é essencial para o equilíbrio hormonal e imunológico. Em excesso ou em falta, compromete o bom funcionamento do organismo
Homens e mulheres reagem de formas diferentes
O corpo feminino tende a ser mais sensível à redução de gordura. Isso acontece porque ele é programado para preservar a fertilidade e garantir energia suficiente para uma possível gestação. É por isso que variações pequenas no peso já podem interromper o ciclo menstrual e alterar a produção de estrogênio e progesterona.
Nos homens, a queda de testosterona costuma ocorrer apenas depois de períodos longos de restrição calórica ou treinos intensos sem descanso adequado. Mesmo assim, o resultado é semelhante, com redução da libido, cansaço e perda de massa magra.
“Mesmo quem mantém uma boa alimentação e rotina de treinos pode sofrer com níveis muito baixos de gordura. Esse tecido participa de processos hormonais, imunológicos e até neurológicos, por isso a falta dele compromete funções essenciais”, reforça Cíntia Cossich, nutricionista da clínica da Rede Casa, no Rio de Janeiro.
Como reduzir gordura de forma segura
Para que a perda de gordura seja saudável, o ideal é buscar um déficit calórico leve, com alimentação balanceada e ingestão adequada de proteínas, carboidratos e gorduras boas.
Boas práticas incluem se alimentar com produtos naturais, ricos em vitaminas e minerais; manter sono de qualidade e hidratação constante; controlar o estresse e evitar dietas extremas e treinos exaustivos sem recuperação.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!