O então companheiro da jovem de 24 anos que engravidou após ser estuprada em um prédio no Setor Hoteleiro Norte (SHN), em fevereiro deste ano, agrediu a vítima quando soube da gravidez. Ela denunciou o agora ex-marido à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), e a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) apura o caso.
Além da agressão do ex-companheiro, a jovem foi vítima de um grave erro médico que mudou toda a vida dela. Ela sofreu perfuração no útero e no intestino no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) durante um aborto legal e hoje vive com bolsa de colostomia.
A jovem foi estuprada em fevereiro último. O advogado da paciente, Angelo José Martins de Mattos, conta que, por medo, a jovem escondeu do companheiro que foi vítima de violência sexual. Porém, em abril, ela descobriu que estava grávida do estuprador e decidiu confidenciar a informação à pastora da igreja que frequenta.
O então marido, porém, soube da situação ao ler mensagens trocadas entre a mulher e a religiosa, e passou a agredi-la, verbal e fisicamente. Machucada, a vítima registrou boletim de ocorrência na PCDF e foi encaminhada para um abrigo junto da filha, uma menina de 2 anos.
Em seguida, a jovem procurou o Hmib e foi submetida ao aborto, em 23 de abril. O procedimento é previsto em lei para gestações ocorridas em decorrência de violência sexual. Nesse momento, os problemas de saúde da vítima tiveram início.
A mulher se queixava de dores após acordar do aborto, mas, segundo o advogado, a médica teria dito à paciente que aquilo seria normal.
A jovem, então, passou a ter sangramentos severos ao ponto de ter que usar fraldas. Mesmo assim, recebeu alta e voltou ao abrigo em que estava hospedada com a filha, ainda em 23 de abril. No carro, ela continuava a sangrar e reclamava da trepidação do veículo na pista, tamanha a dor que sentia.
Para o advogado, a médica do Hmib agiu de maneira “desumana, imprudente, agressiva, negligente e ultrapassou a margem do razoável”.
Naquela noite a mulher não conseguiu dormir, e o responsável pelo local notou que a paciente estava perdendo muito sangue. A jovem foi levada de volta ao Hmib no dia seguinte, e a unidade decidiu transferi-la ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde foi submetida a um novo procedimento cirúrgico e passou a usar uma bolsa de colostomia. Em 30 de abril, retornou ao abrigo.
Como vítimas de violência só podem ficar três meses no abrigo em questão, a moça deixou a unidade em 31 de julho. Ela, que trabalhava em um restaurante, foi desligada da função devido à bolsa de colostomia e atualmente conta apenas com um auxílio-aluguel, no valor de R$ 600.
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Outro lado
A Secretaria de Saúde (SES-DF) informou que está ciente do caso e que todos os protocolos de segurança assistencial foram seguidos desde o primeiro atendimento à paciente.
Segundo a pasta, após a intercorrência, a mulher foi prontamente assistida e segue com acompanhamento contínuo da equipe médica. “O fato foi devidamente notificado e está sendo investigado conforme preconizado pelos protocolos de segurança do paciente. A SES-DF reforça seu compromisso com a ética e o sigilo das informações em saúde”, afirmou.