Adolescente é vítima de bullying virtual em perfil anônimo e investigação mobiliza autoridades em São Paulo

Perfil no Instagram incentivava envio de fofocas com ameaças de exposição.

Uma adolescente de 13 anos, moradora de uma cidade de São Paulo, tornou-se alvo de ataques de um perfil anônimo no Instagram, “fofoqu*******”. A página, que prometia divulgar fofocas da região, operava com um esquema que incentivava o envio de informações pessoais de terceiros. Após sofrer ofensas públicas e chantagens, a família de Bruna Sousa (nome fictício) acionou a Justiça para identificar os responsáveis e garantir que os ofensores sejam punidos.

“Minha filha ficou completamente abalada. O que fizeram foi cruel e desumano. Estamos buscando justiça para que outras famílias não passem por isso”, desabafou a mãe da adolescente.

O perfil “fofoqu*******” solicitava que usuários enviassem informações ou segredos sobre outras pessoas, garantindo anonimato. Porém, ao receber denúncias envolvendo uma pessoa específica, o perfil entrava em contato com a vítima, ameaçando publicar as informações caso ela não revelasse algo comprometedor sobre alguém de seu círculo social.

No caso de Bruna, além de receber essas mensagens intimidatórias, o perfil publicou conteúdos ofensivos que mancharam sua imagem e a colocaram em situações vexatórias.

“Minha filha chegou para mim chorando, dizendo: ‘Mãe, eles acham que fui eu que criei a página, mas você sabe que não fiz nada.’ Foi devastador ver o impacto disso na vida dela”, relatou a mãe.

Diante da gravidade do caso, a família acionou um escritório de advocacia, que ingressou com uma ação judicial para solicitar a quebra de sigilo do perfil anônimo. “Foi pedido ao Instagram (Meta) que fornecesse os dados do IP do criador da conta e das pessoas que publicaram ofensas. A partir dessas informações, solicitamos às operadoras de internet a origem dos sinais para identificar os responsáveis”, explicou a advogada da família.

A investigação revelou que o perfil estava vinculado a números de telefone. Porém, até o momento, as operadoras ainda não concluíram a identificação dos titulares das linhas.

“Estamos aguardando que as operadoras se manifestem sobre a origem dos sinais, o que permitirá identificar o endereço e o responsável pelas linhas usadas para criar o perfil e publicar as ofensas”, acrescentou a advogada.

Após a identificação dos responsáveis, a família pretende ingressar com uma ação de indenização para responsabilizar civilmente os ofensores. Caso algum envolvido seja menor de idade, os pais ou responsáveis também poderão responder judicialmente.

Adicionalmente, se for comprovado que a autoria do perfil está ligada a colegas de Bruna, a escola será notificada para tomar medidas administrativas.

“Em situações como essa, é essencial que as famílias registrem imediatamente as ofensas por meio de prints e lavrem boletins de ocorrência. Para quebrar o anonimato de uma conta, é necessário recorrer à Justiça. Uma vez identificado, o autor pode ser responsabilizado civil e criminalmente”, explicou a advogada.

Enquanto as investigações prosseguem, Bruna recebe acompanhamento psicológico para lidar com as consequências do bullying virtual. Apesar de não apresentar quadros graves de ansiedade ou depressão, sua autoestima foi seriamente afetada.

“A psiquiatra explicou que os ataques prejudicaram a forma como ela se enxerga. Estamos fazendo o possível para mostrar o quanto ela é forte, inteligente e especial, mas é um processo difícil. O bullying deixou marcas profundas”, disse a mãe.

Uma questão de urgência e prevenção

Casos como o de Bruna expõem a necessidade de ações mais ágeis no combate ao bullying virtual, especialmente diante do aumento de perfis anônimos usados para disseminar rumores em redes sociais. Em episódios semelhantes no interior paulista, vítimas precisaram mudar de escola ou enfrentaram consequências emocionais irreversíveis.

“Esses perfis muitas vezes operam com estratégias que ampliam o sofrimento das vítimas, como ocorreu no aniversário de Bruna, quando o perfil foi reativado com novas ofensas. É fundamental que mecanismos de identificação e punição sejam mais eficientes”, alertou a advogada da família.

Para a mãe de Bruna, o objetivo é garantir que sua filha volte a se sentir segura. “Não vou descansar até que essa pessoa seja responsabilizada. Minha filha merece recuperar sua paz e confiança”, concluiu.

O caso segue em investigação pelas autoridades.

Casos como esse reforça que a internet não é uma terra sem lei e que, por mais que os ofensores tentem se esconder atrás de perfis anônimos, as ferramentas legais e tecnológicas permitem identificar e responsabilizar os envolvidos. Tudo o que é feito no ambiente virtual, de alguma forma, deixa rastros que podem ser descobertos.

“Tenho muita confiança de que esse caso irá servir de exemplo para alertar outras pessoas sobre as consequências de utilizar as redes sociais de maneira prejudicial e desrespeitosa”, afirmou a mãe da adolescente.

Práticas como bullying e exposição de terceiros não são apenas imorais, mas também passíveis de punição legal, seja para adultos ou, no caso de menores, para seus responsáveis.

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