Adriana Mangabeira visita Glauber Braga e faz alerta “inversão de valores no Brasil”

Enquanto parlamentares se calam, Glauber definha em protesto e Adriana Mangabeira dispara: “Essa omissão é criminosa. Estamos vivendo uma guerra moral no país”.

Foto: Reprodução

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O silêncio da fome ecoa alto na Câmara dos Deputados. Desde que o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) iniciou uma greve de fome, em protesto contra o que considera uma perseguição política injusta, seu acampamento em frente ao Congresso Nacional tem se tornado um símbolo de resistência. Nesta terça-feira (15), no oitavo dia do protesto, Glauber recebeu a visita da advogada Adriana Mangabeira, que foi levar um abraço, palavras de força e, sobretudo, um testemunho de empatia: ela também já sentiu na pele o que significa ser injustiçada por enfrentar o sistema.

“Só sabe o que é ser injustiçado quem já foi. E eu desejo que ninguém jamais passe pelo que o Glauber está enfrentando. Essa inversão de valores que estamos vivendo no Brasil é inaceitável”, declarou Adriana, visivelmente emocionada. 

“Hoje, pessoas que têm coragem de falar e denunciar são perseguidas, e os corruptos, os que comandam esquemas, seguem blindados no poder.”

Glauber Braga, conhecido por sua atuação combativa no parlamento, especialmente contra a aliança entre o Centrão e setores do Judiciário, está sendo alvo de um processo que, segundo ele, tem motivação política. A greve de fome, iniciada como último recurso, visa chamar atenção para a criminalização da atuação parlamentar independente.

Adriana destacou que o gesto do deputado não é apenas político, é profundamente humano.

“Ele está fisicamente muito abatido. A imunidade dele deve estar baixa, o corpo fraco, sim… Mas o espírito está intacto. Ele tem uma força interior rara, porque sabe que está lutando por algo que acredita profundamente. Ninguém faria o que ele está fazendo se não tivesse a certeza de que está sendo injustiçado.”

Ao falar da repercussão do protesto, Adriana foi direta ao criticar a postura dos colegas de Câmara. “Eu vejo uma Câmara covarde, omissa, salvo raras exceções, os parlamentares estão mais preocupados com seus próprios interesses, faltam deputados com fibra, com coragem. Glauber está sendo deixado só.”

Natural de Alagoas, Adriana aproveitou para relacionar a causa de Glauber à dor de milhares de brasileiros. “No meu estado, mais de 200 mil pessoas foram atingidas pelo crime da Braskem. São vítimas de uma tragédia silenciosa, manipuladas por interesses políticos e econômicos. O gesto de Glauber deveria inspirar todos os que se sentem silenciados neste país. Se for preciso, vamos acampar aqui na praça. A verdade vai prevalecer. E que essa verdade ecoe também entre as vítimas da Braskem: vocês não estão sozinhos.”

Ela vê o movimento como um chamado à consciência coletiva. “Chega de corruptos, chega de injustiças, se estamos vivendo uma inversão de valores, então é hora de promovermos a reversão. Pessoas de bem precisam ocupar os espaços de poder, ou os maus seguirão agindo.”

Para Adriana, o protesto de Glauber representa mais do que um ato político: é um marco moral. “Para mim, como cidadã e como mulher que já foi alvo de perseguição, esse momento é muito simbólico. Eu já fui o Glauber, já fui desacreditada, chamada de louca, silenciada, mas o tempo mostra quem é quem. Como dizia Napoleão, se você vence a guerra, é chamado de herói, se perde, de louco, Glauber vai vencer.”

Ao final do encontro, antes de deixar o acampamento, ela olhou nos olhos do deputado, o abraçou e deixou sua mensagem: “Força com fé, porque a verdade sempre prevalece. Você pode até enganar algumas pessoas por algum tempo, mas não todas por todo o tempo, quando se está com a verdade, ninguém segura. Porque Deus é pelos justos, Glauber, fica, resiste, você não está sozinho.”

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