Agência no DF vende pacote para Noronha e RJ, fecha e lesa 200 pessoas

Viajantes que sonhavam com roteiros pelo Brasil e pelo exterior viram seus planos desmoronarem após a agência “Juntos pelo Mundo” declarar falência. Entre os destinos prometidos estavam Rio de Janeiro, Fernando de Noronha, e Punta Cana. Muitos clientes foram atraídos pela divulgação de uma mesma influenciadora digital, com mais de 63 mil seguidores, que recomendava a empresa como confiável. Até o momento, mais de 200 pessoas denunciaram ser vítimas da fraude em um grupo de WhatsApp.

Foi navegando pelo Instagram que uma moradora do Vicente Pires de 26 anos percebeu que algo estava errado. Ansiosa para sua viagem a Punta Cana, comprada com um ano de antecedência para março do ano que vem, constatou que o perfil da agência não estava mais ativo. A busca por respostas a levou ao grupo com mais de 200 pessoas de todo o país, todas lesadas pela empresa. Nesse espaço, Célia*  descobriu que a a agência não funcionava mais no endereço informado no contrato e que várias pessoas já haviam registrado boletins de ocorrência.

Entre as vítimas também está uma moradora de Valparaíso de Goiás, de 33 anos, que comprou um pacote para o Rio de Janeiro para comemorar o aniversário do marido e celebrar quatro anos de relacionamento. “Era a nossa primeira viagem em casal, mas no dia do embarque não recebemos informações sobre passagens nem hospedagem. Apesar das promessas da empresa de acionar a equipe jurídica para reembolsar o valor de R$ 2,9 mil pagos em prestações, nada foi resolvido”, relata.

Outra vítima é uma mulher de 33 anos, moradora de Águas Claras, que adquiriu um pacote para Fernando de Noronha. O prejuízo foi de R$ 5 mil, pagos via boleto, para uma viagem prevista para abril de 2026. Ela conta que, em um período de resguardo após o parto, a frustração com a agência afetou sua saúde. A descoberta do golpe veio quando viu vídeos da mesma influenciadora que divulgava a empresa, agora denunciando a fraude nas redes sociais.

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Direitos do consumidor

Mesmo com o fechamento da empresa, os consumidores ainda tentam receber o dinheiro de volta. Caio de Luccas, advogado especialista em direito do consumidor, explica que o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil permitem que os sócios respondam com seus bens pessoais se a empresa agiu de forma irregular. “Fechar as portas não livra ninguém das dívidas”, diz.

A responsabilização pode ser civil e criminal. No civil, o consumidor pode pedir a devolução do dinheiro e indenização por danos materiais e morais. No criminal, os responsáveis podem responder por estelionato.

Plataformas digitais, como Instagram e WhatsApp, não são responsáveis automaticamente pelos anúncios. Mas, se forem avisadas sobre fraude e não agirem, podem ser responsabilizadas também. “Empresas que lucram com anúncios precisam agir rápido para evitar golpes”, alerta o advogado.

Falência

Em nota, a “Juntos pelo Mundo” informou que ingressou com pedido de autofalência devido a dificuldades financeiras e operacionais nos últimos meses. “Sabemos da expectativa e da confiança que cada cliente depositou e entendemos a frustração que esta notícia pode trazer. Infelizmente, a partir deste momento, todas as operações e reembolsos ficam suspensos até decisão judicial, e será o Juízo responsável quem determinará os próximos passos do processo. Agradecemos profundamente pela compreensão”, declarou a empresa.

*Nome fictício a pedido da vítima

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