Agiotas do Comboio curtiam lago em frota de jet skis de R$ 500 mil

Conhecida pela brutalidade na cobrança de dívidas e pelo domínio em esquemas de agiotagem, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, a facção criminosa Comboio do Cão (CDC) foi alvo da Operação Fratelli Bianchi, deflagrada na manhã desta quinta-feira (25/9) pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Ao todo, quatro pessoas foram presas por integrarem o esquema criminoso.

Entre os símbolos do poder e da soberba dos faccionados, chamava atenção a frota milionária de jet skis da marca Sea-Doo, todos da linha esportiva X, com 300 cavalos de potência. O grupo desfilava pelo Lago Paranoá em quatro máquinas avaliadas em mais de R$ 500 mil:

Leia também

Para os criminosos, cortar o espelho d’água em alta velocidade era sinônimo de status e intimidação. Enquanto as vítimas sofriam com ameaças, juros abusivos e violência, os agiotas do CDC esbanjavam sofisticação a bordo de embarcações que se tornaram símbolo do luxo sustentado pelo crime.

Veja imagens dos jet skis:

 

Ação policial

A operação mobilizou 90 policiais civis do DF e de Goiás. Foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e nove de busca, apreensão e sequestro patrimonial em Águas Claras, Ceilândia, Samambaia e Alexânia (GO). Os agentes sequestraram imóveis, veículos, bloquearam dezenas de contas bancárias e apreenderam os jetskis utilizados pelos criminosos.

A facção usava a garagem de um prédio em Águas Claras como depósito de cocaína. Segundo a investigação, o núcleo era autônomo dentro da própria estrutura do CDC, atuando tanto nas ruas quanto no sistema prisional.

Dois dos principais alvos da operação já somam condenações pesadas. Um deles acumula mais de 46 anos de prisão por homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de capitais. Um dos assassinatos atribuídos ao grupo teria sido contra um próprio integrante da facção, mas o autor acabou consolidado como líder após o crime.

Método do terror

As vítimas dos empréstimos ilegais sofriam cobranças sob ameaça de armas de fogo, violência contra familiares e até apreensão de veículos como forma de garantir o pagamento das dívidas. O dinheiro era “lavado” por meio de empresas de fachada e laranjas, reforçando o braço armado da facção.

Segundo a Polícia Civil, os investigados poderão responder por organização criminosa, extorsão qualificada, agiotagem e lavagem de capitais. As penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão, além de multas. “Trata-se de um núcleo voltado especialmente à prática da agiotagem, que vinha sendo utilizado como frente de arrecadação ilícita para o Comboio do Cão”, apontou a PCDF.

 

Sair da versão mobile