A constipação crônica é um distúrbio intestinal que afeta mais de 10% da população mundial e pode comprometer significativamente a qualidade de vida. A prisão de ventre é caracterizada pela dificuldade de evacuar, intervalos longos entre as idas ao banheiro ou sensação de evacuação incompleta.
Um novo estudo conduzido pela British Dietetic Association (BDA), publicado em 13 de outubro nos periódicos Journal of Human Nutrition and Dietetics e Neurogastroenterology & Motility, reuniu as melhores evidências científicas disponíveis para determinar quais alimentos, bebidas e suplementos realmente ajudam a aliviar o quadro.
Os pesquisadores analisaram 75 ensaios clínicos randomizados e elaboraram as primeiras diretrizes alimentares baseadas em evidências científicas para o manejo da constipação crônica em adultos.
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O documento final apresenta 59 recomendações, sendo 27 consideradas fortes, e busca orientar profissionais de saúde e pacientes sobre estratégias alimentares eficazes e seguras.
Alimentos e bebidas com eficácia comprovada contra prisão de ventre
- Kiwi: consumir duas a três unidades por dia pode aumentar a frequência das evacuações e melhorar a consistência das fezes.
- Pão de centeio: apresentou efeito positivo no trânsito intestinal em comparação ao pão branco tradicional.
- Água mineral rica em magnésio ou sulfato: demonstrou efeito laxativo suave e natural.
- Suplementos de fibras específicas, como o psyllium, mostraram resultados mais expressivos que outras fibras genéricas.
- Probióticos selecionados (principalmente Bifidobacterium lactis) e óxido de magnésio também receberam recomendação favorável.
As recomendações anteriores para tratar a prisão de ventre se concentravam quase exclusivamente em aumentar o consumo de fibras e líquidos. No entanto, segundo os autores, essas orientações eram limitadas e pouco específicas, deixando de fora alimentos e nutrientes com efeitos comprovados.
Além disso, os estudos mostram que mais da metade das pessoas com constipação crônica se declara insatisfeita com o tratamento atual — o que evidencia a necessidade de orientações mais completas.
Para preencher essa lacuna, um comitê de sete especialistas britânicos em nutrição, gastroenterologia e fisiologia intestinal analisou o impacto de suplementos de fibras, probióticos, minerais, vitaminas, alimentos específicos e padrões alimentares sobre o funcionamento intestinal. As novas diretrizes destacam alguns alimentos e suplementos com benefício consistente na melhora da constipação.
Em contrapartida, o relatório observa que não há evidência robusta para o uso de frutas ricas em sorbitol (como ameixas secas) ou para dietas simplesmente “ricas em fibras” sem especificação do tipo e da dose.
O que muda na prática
De acordo com os autores, o foco deve ser em intervenções precisas e personalizadas, e não em orientações genéricas. O estudo reforça que o consumo adequado de líquidos e a prática regular de exercícios continuam sendo aliados importantes, mas o avanço está em identificar quais alimentos realmente funcionam.
Para a população em geral, incluir diariamente frutas como kiwi, trocar o pão branco por versões integrais de centeio e optar por águas minerais com mais magnésio são mudanças simples que podem ajudar a aliviar o intestino preso.
O uso de suplementos, por outro lado, deve ser orientado por nutricionistas ou médicos, pois nem todas as opções são adequadas para todos os pacientes.
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