O vídeo em que o auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) David Cosac Júnior, 50 anos, aparece agredindo uma mulher e o filho dela de 4 anos não foi o primeiro episódio de violência doméstica vivenciado pela família. Meses antes, durante uma viagem, o servidor público teria desferido chineladas na criança.
De acordo com o depoimento da mãe do menino, a agressão ocorreu durante uma viagem de férias à Costa do Sauípe, na Bahia, no meio deste ano. Ela relatou que David desferiu uma “chinelada mais forte” nas nádegas da criança.
Questionada pela autoridade policial sobre lesões, a mulher descreveu que o golpe deixou a região avermelhada, com o aspecto de um “tapa recebido”, embora a marca tenha desaparecido no dia seguinte.
Segundo a depoente, o casal já estava “desconectado” e havia discutido o término antes mesmo de viajar. A ida à Bahia seria um teste para observar a convivência familiar entre as filhas de David com o filho dela.
Após o retorno da viagem, o auditor teria ligado para pedir desculpas e perguntar se o enteado estava bem. Foi nesse momento que a mulher formalizou o fim do namoro, proibindo o servidor de manter qualquer contato com ela, com o filho ou com sua família.
Apesar do ocorrido, ela optou por não solicitar medidas protetivas para si mesma, justificando que ambos trabalham no mesmo órgão público e residem próximos.
Ela mencionou que David garantiu que não a procuraria. No entanto, a mãe solicitou proteção para o filho.
Nessa quarta-feira (24/12), o Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras concedeu as medidas protetivas de urgência em favor da criança.
A Justiça do DF determinou que David está proibido de se aproximar da vítima, devendo manter uma distância mínima de 300 metros. Além disso, foi imposta a proibição de manter contato com o menor por qualquer meio de comunicação.
O agressor também está impedido de frequentar o endereço residencial da criança em Águas Claras, medida que visa preservar a integridade física e psicológica do ofendido.
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O homem agride a mulher e a criança com tapas e socos
Reprodução/Linkedin
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O homem não foi preso
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As agressões foram registradas pelas câmeras de monitoramento do prédio
Agressão no elevador
A gravação do episódio de violência doméstica na porta de um elevador, em um prédio de Águas Claras, foi revelada pela colunista Mirelle Pinheiro, na última terça-feira (23/12).
A coluna teve acesso a um vídeo que mostra Davi agredindo uma mulher e uma criança. A violência ocorreu por volta das 19h40 do dia 7 de dezembro, no estacionamento de um prédio residencial.
Moradores que presenciaram as agressões relataram que acionaram a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após tomarem conhecimento do episódio. Apesar disso, o homem não foi preso.
Nas imagens, a mulher aparece segurando a criança no colo, aparentemente dormindo sobre seu ombro, quando, de forma repentina, David avança contra os dois e passa a desferir tapas no menino.
Nomeado em 2007 como analista de Finanças e Controle da CGU, ele passou a atuar, em 2016, como auditor federal de Finanças e Controle do órgão. A coluna apurou, por meio do Portal da Transparência, que o salário mensal recebido por ele gira em torno de R$ 25 mil.
Em seguida, mãe e filho caem no chão, mas as agressões continuam. O auditor segue atacando as vítimas e chega a puxar a criança pelo braço. Na tentativa de protegê-lo, a mulher se deita sobre o menino.
Após se levantarem, o homem volta a agredir a criança, desferindo um tapa violento na cabeça do garoto.
O caso é investigado pela Seção de Atendimento à Mulher da 21ª DP.
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Investigação
Procurada, a PCDF informou que, na data dos fatos, recebeu uma denúncia anônima relatando que um morador de um edifício em Águas Claras havia agredido uma mulher e o filho dela. A denúncia foi acompanhada por um vídeo das agressões.
Uma equipe policial foi até o endereço, onde o suspeito recebeu os agentes na presença do subsíndico do prédio. Aos policiais, David alegou que havia encerrado o relacionamento com a mulher e que os dois se desentenderam, entrando em vias de fato.
Segundo a corporação, o autor telefonou para a ex-namorada e repassou o aparelho a uma agente da delegacia, que conversou com a vítima. A mulher afirmou que havia terminado o namoro e que não desejava registrar ocorrência contra o agressor.
Ainda conforme a PCDF, a agente orientou que a criança fosse apresentada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) para, posteriormente, ser encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML).
O subsíndico se comprometeu a preservar as imagens do episódio e apresentá-las à unidade policial. Ele afirmou, ainda, não ter conhecimento de episódios anteriores de violência doméstica
Expulsão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou, nesta quinta-feira (25/12), sobre o caso do servidor. O presidente afirmou que determinou a expulsão do homem.
“A agressão covarde de um servidor da Controladoria-Geral da União contra uma mulher e uma criança, divulgada em vídeo pela imprensa, é inadmissível e precisa de uma resposta firme do Poder Público, considerando tratar-se de um servidor federal. Por isso, determinei ao ministro Vinícius de Carvalho, controlador-geral da União, a imediata abertura de processo interno para responsabilização e expulsão do serviço público do agressor”, declarou Lula por meio de um post no X.