Após 6 mortes, MP recomenda fiscalização emergencial de clínicas no DF

Após a tragédia que causou seis mortes e deixou feridos em agosto, no Instituto Terapêutico Liberte-se, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) recomendou à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) uma força-tarefa emergencial de fiscalização de todas as comunidades terapêuticas em funcionamento no DF.

A pedido do MP, a força-tarefa deverá ser criada pela Sejus em até 30 dias, com a participação da vigilância sanitária, assistência social, segurança pública e demais órgãos competentes.

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O Conselho de Política sobre Drogas (Conen-DF) deverá elaborar um cronograma detalhado de inspeções em 15 dias, priorizando instituições com maior capacidade de acolhimento e aquelas com denúncias ou indícios de irregularidades. Relatórios parciais devem ser encaminhados ao MPDFT a cada 30 dias, informando o número de instituições inspecionadas, irregularidades encontradas e medidas adotadas.

As inspeções terão estrutura focada em cinco eixos:

Cada inspeção contará com no mínimo três profissionais de áreas distintas, garantindo abordagem multidisciplinar.

A recomendação prevê a criação, em até 60 dias, do Cadastro Distrital de Comunidades Terapêuticas, vinculado ao Cadastro de Entes e Agentes Antidrogas do DF. O funcionamento ficará condicionado à inscrição prévia, concedida ou renovada somente após inspeção que comprove conformidade com as normas.

Em 120 dias, o Conen deverá apresentar relatório conclusivo contendo: número total de instituições identificadas e seus nomes; quantitativo de instituições regulares, irregulares e interditadas; principais irregularidades; medidas corretivas adotadas; e recomendações para aprimoramento da fiscalização.

Ainda segundo o MP, o Conselho deve adotar imediatamente medidas administrativas cabíveis: advertência, suspensão ou interdição cautelar ou comunicar ao órgão competente quando comprovado crimes a ausência de licenças de funcionamento, estruturas restritivas à liberdade dos acolhidos ou outras irregularidades.

Para o promotor de justiça, Cláudio João Medeiros, a medida é uma resposta urgente à tragédia que resultou em seis mortes e revelou graves violações à dignidade da pessoa humana em comunidades terapêuticas do Distrito Federal.

“A investigação identificou o descumprimento flagrante das normas que estabelecem o caráter estritamente voluntário do acolhimento e vedam práticas abusivas como isolamento, contenção física, restrição à liberdade e atividades forçadas. A ausência de fiscalização efetiva permitiu que instituições operassem à margem da legislação, expondo pessoas vulneráveis a condições totalmente inadequadas”, destacou.

Seis mortos e 12 feridos

Os presos estão sendo investigados por homicídio doloso, cárcere privado e prescrição de medicamentos sem receituário. Caso sejam condenados pelos crimes, eles podem pegar mais de 30 anos de prisão.

O caso da tragédia segue sendo investigado pelo MPDFT e um inquérito está aberto para a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá).

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