Familiares, amigos e companheiros de torcida se despediram Eumar Vaz, 34 anos, vascaíno brutalmente agredido e morto a facadas por flamenguistas, no último domingo (21/9), em um ônibus coletivo do Distrito Federal.
Emocionado, o pai do vascaíno, José Eumar Vaz, entoava os cantos da torcida vascaína em meio às lágrimas pela perda. “Obrigado, meus amigos, por esse amor que vocês sempre tiveram com o meu filho”, declarou aos presentes, enquanto o corpo do filho era velado.
“Meu filho, eu te amo. Foi linda essa homenagem. Em breve nos veremos, meu filho”, disse José Eumar, ao fechar o caixão.
Conhecido como Dark pelos amigos e apelidado de Júnior pela família, Eumar Vaz foi velado sob as lágrimas e o carinho de cerca de 100 pessoas. O velório, realizado no Campo da Esperança de Brazlândia, foi embalado pela bateria da Força Jovem do Vasco (FJV), torcida organizada da qual Eumar fazia parte.
Morador do Recanto das Emas, Eumar deixa dois filhos, de 12 e 3 anos, e uma comunidade enlutada
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Amigos lamentam: “Era a bateria da torcida, sempre puxando os gritos e apoiando o Vasco e a família dele”
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Eumar Vaz foi brutalmente atacado dentro de um ônibus e não resistiu aos ferimentos
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O torcedor se recusou a tirar a camiseta do Vasco, atitude que desencadeou a agressão fatal
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A violência entre torcidas interrompeu a vida de um homem jovem, pai e amante do futebol
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Eumar fazia parte da Força Jovem há mais de 10 anos e era conhecido por sua alegria e dedicação à torcida
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Eumar era querido por todos, símbolo de dedicação e paixão pelo Vasco da Gama
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A Polícia Militar do DF investiga o caso, mas até o momento nenhum suspeito foi preso
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A perda de Eumar, pai de dois filhos e apaixonado pelo Vasco, deixa um vazio entre amigos e familiares
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“É uma homenagem mais que merecida. Aqui está tudo que ele gosta: os irmãos, o Vasco, a bateria da Força Jovem… a gente tá aqui fazendo nosso papel”, disse o torcedor Douglas Eduardo, 30, amigo de Eumar há quase uma década.
“Eu vi o Eumar entrar na torcida, há 9, 10 anos. Ali, começou uma amizade, naquela coisa que ambientar o mais novo, estar ali todo jogo”, relembra Eduardo. “Ele era um irmão, estava a postos para tudo que precisasse dele.”
“É uma perda lamentável. Vocês não sabem o tamanho da cratera que se abriu na nossa torcida com a partida do nosso amigo”.
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Família pede justiça
A esteticista Kellyane Abadia, 40, espera uma ação enérgica das autoridades para a prisão dos envolvidos no crime que tirou a vida do irmão. “Peço encarecidamente às autoridades que façam tudo que estiver ao alcance para identificar esses criminosos”, diz.
“Essa violência tem que acabar. Meu irmão saiu de casa para viver a paixão dele, curtir com os amigos, confraternizar, e não voltou para casa.”
O crime
Um vídeo mostra o momento em que Eumar é atacado e tem a camisa rasgada à força por um grupo do time rival dentro do ônibus.
Ao fim da confusão, enquanto os torcedores fugiam do local, um deles grita ao vascaíno “aqui é a jovem, desgraça”, referindo-se à organizada do Flamengo. No vídeo, é possível observar um dos torcedores com a camisa da organizada, e outro com um pedaço de pau.
Assista ao vídeo do momento da agressão:
O ônibus em que Eumar foi esfaqueado ficou com rastros de sangue na parte da frente, em um cenário de terror. O vascaíno pegou um ônibus da linha 812.1 da empresa Urbi, com itinerário da QNQ/QNR, rumo ao Recanto das Emas. Cerca de 20 flamenguistas estavam no veículo.
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Quando o ônibus seguiu viagem, um dos flamenguistas teria gritado: “O Flamengo não ganhou, temos que bater em alguém”. Algumas paradas após o grupo embarcar, Eumar teria entrado no ônibus sem camisa; o motorista solicitou que o passageiro se vestisse, e o vascaíno atendeu ao pedido, colocando, então, uma vestimenta do Vasco.
Segundo o testemunho do motorista, ao perceberem a presença do vascaíno, os agressores gritaram repetidamente para que ele tirasse a camisa. Após a recusa de Eumar, a situação escalou para uma briga, com troca de socos. Naquele momento, o ônibus parou e, assim que as portas se abriram, os agressores que estavam na parte traseira desembarcaram e se dirigiram para a frente, com a intenção de agredir o vascaíno.
Eumar Vaz, 34 anos
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Rapaz tocava na bateria da torcida nos dias de jogos do cruzmaltino
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Eumar Vaz, 34 anos
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Amigos e familiares lamentaram a morte de Eumar nessa segunda-feira (22/9)
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Eumar Vaz, 34 anos
Redes sociais/Reprodução
O motorista tentou defender o vascaíno, mas foi puxado pela camisa e afastado pelos flamenguistas. Ele desceu do ônibus e começou a gritar, pedindo aos agressores que parassem e também clamando por socorro.
Após cessarem as agressões, o motorista retornou ao veículo e tirou o ônibus do local, pois o grupo do Flamengo estava nas proximidades. Eumar teria começado a piorar, aparentava um olhar longe e tinha baba com sangue pela boca. Ele foi socorrido e encaminhado ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), passou por cirurgia, mas não resistiu.