O desejo de muitas mulheres de adiar a maternidade gera serviços de saúde destinados a oferecer essa possibilidade com segurança, como os exames para avaliar a fertilidade e o congelamento de óvulos. Mas, afinal de contas, qual a idade limite para engravidar? Quando é a hora certa de começar a se preocupar com o relógio biológico?
De acordo com o médico Carlos Alberto Politano, diretor da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), na grande maioria dos casos, as mulheres não têm motivos para se preocupar com o assunto antes dos 35 anos e, além disso, mesmo depois dessa idade, é possível ter uma gravidez natural caso desejem.
“Não existe idade máxima para engravidar. Com todo o avanço tecnológico, é possível fazer um pré-natal assistido em pacientes acima dos 40 anos. Mas, é comum mulheres de 30 anos começarem a ter alguma ansiedade. Na cabeça delas, o tempo está ficando curto”, conta Politano.
O médico explica que a fertilidade começa a diminuir a partir dos 35 anos, mas isso não significa que as paciente mais velhas tenham que recorrer à fertilização in vitro.
Evolução da fertilidade feminina
Ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides ao longo de toda a vida, as mulheres nascem com um número definido de folículos, estruturas que contêm os óvulos.
Estima-se que uma menina nasça com um número entre 1 milhão e 3 milhões de folículos, que vão se perdendo ao longo da vida. A contagem cai para aproximadamente 300 mil na primeira menstruação (menarca), 40 mil durante a adolescência e segue em queda.
“O número de folículos cai muito desde o período embrionário até a mulher começar a estar disposta à gravidez”, afirma. Depois dos 35 anos, a fertilidade feminina cai cerca de 50%. Após os 40 anos, ela já é 50% menor em comparação aos 35 anos.
Contagem de óvulos
A contagem de óvulos pode ser feita por meio de dois testes: o exame de sangue que mede o nível de hormônio anti-mulleriano (AMH) e a ultrassonografia para avaliação de folículos antrais.
O exame anti-mulleriano (AMH) estima a reserva ovariana da mulher a partir de uma amostra de sangue coletada em laboratório. A ultrassonografia para a contagem de folículos antrais, por sua vez, usa imagens dos folículos visivéis para a contagem.
Vale ressaltar que os dois exames não têm função diagnóstica. Eles servem como um guia para orientar paciente e ginecologista. Outros fatores devem ser levados em consideração, como a regularidade dos ciclos menstruais.
“O resultado dos exames são um parâmetro, um sinal de alerta de que as consultas podem ter de ser mais frequentes”, diz Politano.
Ele destaca ainda que exames de contagem ovariana não devem ser feitos antes dos 35 anos para evitar resultados que gerem dúvida e ansiedade na paciente. “São exames com uma sensibilidade e especificidade que podem confundir. Meu conselho é que as mulheres não se preocupem com uma ‘linha de corte’, pois há alternativas”, afirma o médico.
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