Uma mulher de 31 anos, que teve morte cerebral na 22ª semana de gestação, deu à luz um bebê saudável nos Estados Unidos. O caso inusitado foi divulgado por médicos da Universidade da Flórida no último sábado (26/8) na revista científica Cureus.
A morte encefálica é caracterizada pela perda completa e irreversível das funções cerebrais, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo os médicos, a paciente procurou atendimento em um hospital na 22ª semana de gestação, alegando sentir uma forte dor de cabeça. Porém, ela não resistiu após sofrer uma convulsão no mesmo dia. Exames constataram que a mulher havia sofrido uma hemorragia cerebral.
Apesar da fatalidade, a família da paciente pediu à equipe médica, formada por neurointensivistas, obstetras e especialistas em UTI neonatal, com o apoio de equipes jurídicas, que tentassem manter a gestação com a ajuda de aparelhos.
Para tanto, a paciente foi colocada em um ventilador e teve uma sonda nesogástrica inserida. Além disso, os médicos precisaram medicá-la com anticoagulantes, regular a pressão arterial e os níveis do hormônio tiroxina, responsável pelo controle do metabolismo do corpo.
A americana sofreu infecções nas semanas seguintes, levando a um quadro de pneumonia, e precisou receber antibióticos para proteger o feto em formação.
O bebê nasceu saudável na 33ª semana de gestação – depois de 11 semanas de monitoramento –, em uma cesariana. “Ela foi levada à unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal para internação secundária à idade gestacional. Ela recebeu alta depois de cinco dias”, afirmam os médicos no estudo.
Partos após morte cerebral
Embora inusitado, o caso ocorrido nos Estados Unidos não é inédito. Os autores do mais recente estudo identificaram outros 35 casos semelhantes. Em 27 deles, os bebês conseguiram chegar até o final da gestação e oito morreram no útero. Dos que nasceram, dois tiveram complicações neurológicas graves e outros dois morreram logo após o nascimento.
Cerca de 70% das mulheres precisaram de tratamento para infecções que levam à pneumonia ou sepse; 63% das pacientes desenvolveram instabilidade circulatória e 59% tiveram diabetes. Os autores da pesquisa estimam que duas em cada três gestantes que sofrem morte cerebral são vítimas de um sangramento no cérebro ou ao redor dele.
Em 100% dos casos em que as pacientes tiveram morte cerebral após a 24ª semana de gestação, os bebês nasceram vivos. Mas este número cai para 50% quando a intercorrência acontece antes da 14ª semana.
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