Poucas horas após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por golpe de Estado e mais quatro crimes, a quadra comercial da 405 Norte foi fechada por brasilienses que foram às ruas festejar a decisão. Suprema Corte imputou uma pena de 27 anos e três meses de prisão ao ex-mandatário.
Ao som de “Tá na Hora do Jair Já Ir Embora”, os brasilienses presentes celebravam a pena.
Assista:
Nesta sexta-feira (12/9), data para qual estava previsto o último dia de julgamento, haverá outros eventos em desfavor de Jair Bolsonaro e aliados no Setor Comercial Sul (SCS), na 405 Norte, no Setor Bancário Sul (SBS), na Feira Permanente do Gama, entre outros locais.
Em contrapartida, apoiadores de Bolsonaro seguem na porta do condomínio do ex-presidente no Jardim Botânico, com bandeiras do Brasil e de Israel e cartazes escritos “Volta, Bolsonaro”.
Mais cedo, o Metrópoles entrou em contato com parlamentares e lideranças de direita, que afirmaram não haver nenhum protesto ou evento similar marcado.
Como foi o julgamento
Após o voto do ministro Luiz Fux, que discordou dos colegas de Supremo Alexandre de Moraes e Flávio Dino, os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram, na tarde desta quinta-feira (11/9), e fecharam a condenação pelo placar de 4 x 1.
A exceção de Fux, os demais ministros da Turma acataram a denúncia da PGR na íntegra e votaram por condenar os réus por organização criminosa armada; golpe de Estado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União (exceto Alexandre Ramagem) e deterioração de patrimônio tombado (exceto Ramagem).
O placar geral do julgamento ficou em 4 a 1 pela condenação de Bolsonaro, em um colegiado de 5 ministros. Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Zanin votaram a favor da condenação de todos os acusados, enquanto Luiz Fux divergiu e absolveu a maior parte dos réus, incluindo o ex-presidente.
Os crimes
Todos os oito acusados respondem por atuar contra a ordem democrática. Sete deles foram investigados por cinco crimes:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União (exceto Ramagem)
- Deterioração de patrimônio tombado (exceto Ramagem)
O deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin, responde a somente três acusações, pois teve duas imputações suspensas pela Câmara dos Deputados, por estarem relacionadas a fatos posteriores à diplomação dele como parlamentar.
Leia também
-
Trama golpista: STF torna Bolsonaro e aliados inelegíveis por 8 anos
-
Defesa de Bolsonaro ainda pode recorrer da condenação? Entenda
-
Condenado pelo STF, Bolsonaro já pode ser preso?
-
Onde Lula estava quando STF condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão
Quem são os réus do núcleo crucial
- Jair Bolsonaro: apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder do grupo, teria comandado o plano para se manter no poder após ser derrotado nas eleições.
- Alexandre Ramagem: acusado de disseminar informações falsas sobre fraude eleitoral.
- Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha, teria colocado tropas à disposição da trama em reunião com militares.
- Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, guardava em casa uma minuta de decreto para anular as eleições.
- Augusto Heleno: ex-ministro do GSI, participou de transmissão ao vivo questionando urnas eletrônicas.
- Mauro Cid: delator do caso e ex-ajudante de Bolsonaro, participou de reuniões e trocas de mensagens sobre o golpe.
- Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, teria apresentado a comandantes militares um decreto de intervenção redigido por Bolsonaro.
- Walter Braga Netto: único preso, acusado de financiar acampamentos golpistas e de planejar atentado contra Alexandre de Moraes.
Arte/Metrópoles