O acidente vascular cerebral (AVC) segue como uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil. Embora seja um evento súbito, os especialistas reforçam que ele quase nunca acontece “do nada”: é, na maioria das vezes, o resultado de fatores de risco acumulados ao longo de anos, como hipertensão mal controlada, colesterol elevado, tabagismo e sedentarismo.
Quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido — seja por um coágulo (AVC isquêmico) ou pelo rompimento de um vaso (AVC hemorrágico) —, os neurônios começam a morrer em questão de minutos. Por isso, reconhecer os sintomas e buscar socorro imediatamente é decisivo para evitar sequelas graves.
Leia também
-
Neurocirurgião vascular cita o hábito que mais aumenta o risco de AVC
-
Alimentos que ajudam a controlar a pressão arterial e a prevenir o AVC
-
Mulher de 54 anos morre após ter AVC em aula de academia
-
Células-tronco podem ajudar na recuperação do cérebro após um AVC
O que desencadeia um AVC
O cardiologista Eugênio Moraes, do Hospital Sírio-Libanês, explica que o AVC faz parte do grupo das doenças cardiovasculares, como o infarto. Isso significa que os fatores capazes de prejudicar coração e vasos sanguíneos também afetam diretamente o cérebro.
“Vários fatores de risco estão relacionados ao surgimento do AVC. Destaco a hipertensão arterial, o sedentarismo, o consumo de tabaco, o controle inadequado do colesterol e o descontrole da diabetes, quando houver”, afirma.
Ele ressalta que a pressão alta é um ponto crítico: “A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o acidente vascular cerebral. Ela é uma doença silenciosa e, para reduzir o risco de AVC, precisamos controlar rigorosamente a pressão.”
Prevenção começa no dia a dia
A prevenção do AVC é, essencialmente, o controle de condições que também elevam o risco de infarto. Moraes reforça que hábitos diários fazem diferença direta no cérebro. “Para reduzir o risco de acidente vascular cerebral, precisamos de uma vida mais saudável: controle da pressão arterial, redução do consumo de álcool e tabaco, controle do colesterol, da glicemia e do peso, dieta adequada, atividade física regular e equilíbrio do sono e do estresse”, lista o médico.
A neurologista Eva Rocha, professora da Unifesp e membro da Rede Brasil AVC, acrescenta que o manejo rigoroso de doenças já existentes é fundamental tanto para quem nunca teve AVC quanto para quem já sofreu um episódio.
“Precisamos controlar muito bem o açúcar no sangue, usar medicamentos que baixem o colesterol e tratar a pressão alta. Isso evita tanto o AVC isquêmico quanto o hemorrágico”, aponta. Ela lembra que muitos eventos são desencadeados por placas de gordura que obstruem artérias — e o tratamento adequado reduz drasticamente esse risco.
Sintomas de AVC que exigem ação imediata
- Fraqueza.
- Dificuldade para mover um lado do corpo.
- Boca torta.
- Fala enrolada.
- Dificuldade para encontrar palavras.
- Tontura.
- Alteração de equilíbrio
- Perda parcial da visão.
Os sintomas de AVC não devem ser ignorados nem atribuídos ao cansaço. Cada minuto sem tratamento aumenta o dano neurológico. “A cada minuto, podemos perder até 2 milhões de neurônios em um AVC não tratado. Quanto antes o paciente chega ao hospital, maior a chance de recuperação”, afirma Eva.
No caso do AVC isquêmico, o medicamento capaz de dissolver o coágulo costuma ter maior efeito nas primeiras quatro horas e meia, o que torna o atendimento rápido uma etapa decisiva. Ela reforça que, diante de qualquer suspeita, a orientação é ligar imediatamente para o SAMU (192).
O AVC pode ser evitado
Ainda que pareça repentino, o AVC está, em grande parte, ligado a fatores modificáveis. Pressão alta persistente, glicemia elevada, colesterol descontrolado e anos de sedentarismo são os principais motores do problema — e todos podem ser manejados com acompanhamento médico e mudanças de rotina. Cuidar da saúde cardiovascular é também cuidar da saúde cerebral.
Prevenir é sempre o melhor caminho. Reconhecer sinais de alerta e adotar hábitos que protegem o coração e o cérebro não apenas reduz drasticamente o risco de AVC, mas também aumenta as chances de recuperação caso o evento aconteça.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
