Cardiologistas apontam valores preocupantes que indicam pressão alta

A hipertensão, também chamada de pressão arterial, é uma doença crônica caracterizada pela elevação persistente da pressão do sangue nas artérias. A condição faz com que o coração precise trabalhar mais do que o normal para garantir que o sangue circule adequadamente pelo corpo, aumentando o risco de infarto, AVC e outras doenças cardiovasculares.

O problema é que, na maioria dos casos, a pressão arterial sobe de forma silenciosa. Muitas pessoas convivem por anos com valores alterados sem perceber, o que dificulta o diagnóstico precoce e atrasa o início do cuidado.

O que é hipertensão?

Em setembro deste ano, a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 passou a considerar como pré-hipertensão os casos em que a pressão medida no consultório fica entre 12 por 8 e 13 por 9. A mudança serve para identificar mais cedo pessoas que ainda não têm hipertensão, mas já apresentam risco aumentado de desenvolver a doença.

O documento também trouxe mudanças para quem já tem hipertensão. Antes, manter a pressão abaixo de 14 por 9 era considerado adequado. Agora, a recomendação é que os valores fiquem abaixo de 13 por 8, independente da idade, do sexo ou da presença de outras doenças.

Para o cardiologista Leonardo Severino, do Sabin Diagnóstico e Saúde, a atualização das diretrizes ajuda a chamar atenção para o cuidado contínuo com a saúde cardiovascular e para a importância de agir antes que a doença avance. Segundo ele, boa parte dos fatores associados à pressão alta pode ser controlada com acompanhamento adequado.

“Muitos dos fatores de risco da pressão alta podem ser gerenciados com tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, como atividade física regular, alimentação saudável, boa qualidade do sono e equilíbrio emocional. A individualização dos cuidados deve sempre ser orientada pelo médico”, afirma.

Sintomas que exigem atenção

O cardiologista Fabrício da Silva explica que, em grande parte dos casos, a hipertensão se instala de forma gradual. O paciente nem sempre percebe quando os valores começam a ultrapassar 14 ou 15. Mesmo sem sintomas claros, alguns sinais sutis podem surgir ao longo do tempo.

“Sudorese excessiva, dor de cabeça, dor na nuca, calafrios e falta de ar podem estar associados à hipertensão arterial”, alerta o especialista.

Segundo ele, o controle do peso, da obesidade e da diabetes é fundamental para manter a pressão sob controle. “Também é essencial reduzir o consumo de alimentos ricos em sódio e evitar produtos ultraprocessados”, orienta.

No dia a dia, outras medidas fazem diferença. Abandonar o tabagismo, cuidar da qualidade do sono e manter uma rotina regular de exercícios físicos, incluindo atividades aeróbicas e musculação, contribuem de forma significativa para o controle da pressão arterial.

Leia também

Severino chama atenção para o fato de que muitas pessoas não fazem mudanças preventivas justamente porque a pressão elevada costuma não causar sintomas.

“É comum que o diagnóstico só aconteça depois de um evento grave, como um infarto. Por isso, quem tem histórico familiar de doenças cardíacas deve iniciar check-ups regulares, pelo menos uma vez por ano, a partir dos 30 anos”, recomenda.

Segundo dados do Ministério da Saúde, 388 pessoas morrem todos os dias por conta da hipertensão arterial

A importância do acompanhamento regular

A aferição correta da pressão também é parte essencial desse cuidado. Especialistas orientam que a medição seja feita com aparelhos certificados e calibrados, preferencialmente de braço. O ambiente deve estar tranquilo, com a pessoa sentada, braço apoiado na altura do coração e após pelo menos cinco minutos de repouso.

A cardiologista Elisa Frattini, do Hospital Brasília, explica que pequenas falhas podem alterar significativamente os resultados. “Uma variação na posição do braço já pode interferir na medida”, alerta. Por isso, ela desaconselha aparelhos de pulso, que tendem a ser menos precisos.

Outros erros comuns incluem medir a pressão logo após atividade física, com a bexiga cheia ou após consumo de cafeína, álcool ou cigarro. Esses fatores podem gerar resultados equivocados e atrasar o diagnóstico correto.

Sair da versão mobile