Cardiologistas explicam se temperatura do banho pode afetar o coração

Não é difícil encontrar na internet alegações de que o hábito de tomar banhos gelados traz inúmeros benefícios, como melhora da disposição, redução do estresse e até aumento da imunidade. No entanto, uma prática que parece inofensiva pode ser gatilho para desencadear problemas cardiovasculares, principalmente em pessoas que têm predisposição ou já convivem com condições no coração.

Leia também

De acordo com o cardiologista Hugo Faria, as mudanças bruscas de temperatura provocam respostas no organismo que podem afetar o coração. Todo o processo começa no cérebro: quando a água muito gelada entra em contato com o corpo, ativa o sistema nervoso simpático, responsável por nos “alertar” sobre situações de perigo.

O aviso libera hormônios estimulantes, como a adrenalina, acelerando o coração e aumentando a pressão arterial rapidamente. Em pessoas saudáveis, a situação não passa de um incômodo pela temperatura da água, mas em pacientes com problemas no coração, um simples ato pode trazer consequências perigosas.

“Em indivíduos com doenças cardíacas, muitas vezes não diagnosticadas, essa reação pode desencadear arritmias, queda de fluxo sanguíneo no coração e, em situações excepcionais, até infarto”, alerta o cardiologista do Hospital Santa Helena, em Brasília.

Para quem gosta de banho frio ou pensa em iniciar a prática, é importante começar aos poucos, reduzindo gradualmente a temperatura para diminuir a resposta de alerta do corpo e o risco de prejuízos no coração. “Extremos nunca são bons aliados do coração. A temperatura do banho deve ser confortável e, principalmente, sem mudanças bruscas”, ressalta Faria.

Banho gelado é o “causador” do infarto?

A principal causa do infarto não é o banho frio: o ataque cardíaco acontece por um acúmulo de fatores ao longo do tempo, incluindo sedentarismo, colesterol elevado e hipertensão descontrolada.

“Os banhos gelados ou quentes, por si só, dificilmente serão os causadores isolados de um evento grave, embora, em pacientes vulneráveis, eles possam ser o gatilho final”, aponta o cardiologista Carlos Nascimento, do Hospital Brasília Águas Claras.

Entre os grupos mais vulneráveis ao “fenômeno cardiovascular” no banho estão pessoas com hipertensão, doenças cardíacas, histórico de infarto, idosos e pacientes com obstruções crônicas das artérias do coração e portadores de arritmias cardíacas.

E os banhos quentes?

Prejuízos no coração também podem ocorrer em banhos muito quentes. O calor excessivo causa a dilatação das artérias, provocando uma queda de pressão. Nessas situações é comum sentir tontura, fraqueza, visão embaçada e, em alguns casos mais graves, até desmaiar.

“Esse rebaixamento rápido da pressão pode comprometer a circulação coronariana em pessoas vulneráveis, gerando mal-estar importante e risco até mesmo de morte”, explica Faria. Para pessoas com condições do coração pré-existentes, banhos muito gelados ou muito quentes não são recomendados.

12 imagensFechar modal.1 de 12

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), doenças cardiovasculares são algumas das principais causas de mortes no Brasil. Segundo a instituição, a maioria dos óbitos poderiam ser evitados ou postergados com cuidados preventivos e medidas terapêuticas

Peter Dazeley/ Getty Images2 de 12

Para a SBC, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças do coração podem ser o suficientes para reverter quadros graves. Para isso, é necessário saber identificar os principais sintomas de problemas cardiovasculares e tratá-los, caso apresente algum deles

bymuratdeniz/ Getty Images3 de 12

Dentre as doenças cardiovasculares que mais fazem vítimas fatais, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) se destaca. Ele é causado devido à presença de placas de gordura que entopem os vasos sanguíneos cerebrais. Entre os sintomas estão: dificuldade para falar, tontura, dificuldade para engolir, fraqueza de um lado do corpo, entre outros

KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images4 de 12

Imagem ilustrativa de pessoa com dor no peito

katleho Seisa/Getty Images5 de 12

A cardiomiopatia é outra grave doença que acomete o coração. A enfermidade, que deixa o músculo cardíaco inflamado e inchado, pode enfraquecer o coração a ponto de ser necessário realizar transplante. Entre os sintomas da doença estão: fraqueza frequente, inchaços e fadiga

SolStock/ Getty Images6 de 12

O infarto do miocárdio acontece quando o fluxo sanguíneo no músculo miocárdio é interrompido por longo período. A ausência do sangue na região pode causar sérios problemas e até a morte do tecido. Obesidade, cigarro, colesterol alto e tendência genética podem causar a doença. Entre os sintomas estão: dor no peito que dura 20 minutos, formigamento no braço, queimação no peito, etc.

KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images7 de 12

Uma das doenças do coração mais comuns, e grave é a insuficiência cardíaca. Ela é caracterizada pela incapacidade do coração de bombear o sangue para o organismo. A enfermidade provoca fadiga, dificuldade para respirar, fraqueza, etc. Entre as principais causas da enfermidade estão: infecções, diabetes, hábitos não saudáveis, etc.

bymuratdeniz/ Getty Images8 de 12

A doença arterial periférica, assim como a maioria das doenças do coração, é provocada pela formação de placas de gordura e outras substâncias nas artérias que levam o sangue para membros inferiores do corpo, como pés e pernas. Colesterol alto e tabagismo contribuem para o problema. Entre os sintomas estão: feridas que não cicatrizam, disfunção erétil e inchaços no corpo

manusapon kasosod/ Getty Images9 de 12

Causada por bactérias, fungos ou vírus de outras partes do corpo que migram para o coração e infeccionam o endocárdio, a endocardite é uma doença que pode causar calafrios, febre e fadigas. O tratamento da doença dependerá do quadro do paciente e, algumas vezes, a cirurgia pode ser indicada

FG Trade/ Getty Images10 de 12

Causada devido à inflamação de outros músculos cárdicos, a miocardite pode causar enfraquecimento do coração, frequência cardíaca anormal e morte súbita. Dores no peito, falta de ar e batimentos cardíacos anormais são alguns dos principais sintomas

Peter Dazeley/ Getty Images11 de 12

Além dos sintomas comuns de cada uma das doenças cardiovasculares, cansaço excessivo sem motivo aparente, enjoo ou perda do apetite, dificuldade em respirar, inchaços, calafrio, tonturas, desmaio, taquicardia e tosse persistente podem ser sinais de problemas no coração

Peter Dazeley/ Getty Images12 de 12

Segundo a cartilha de Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), apesar de alguns casos específicos, é possível prevenir problemas no coração mantendo bons hábitos alimentares, praticando exercícios físicos e cuidando da mente

andresr/ Getty Images

Sintomas que indicam risco imediato no banho

Evitar banhos com temperaturas extremas previne contra infarto?

Deixar de tomar banho em temperaturas extremamente quentes ou geladas pode ser uma alternativa prática no dia a dia para reduzir o risco de infarto, mas sozinha ela não é garantia de nada. As principais formas de prevenção envolvem o controle da pressão, a manutenção dos níveis seguros de colesterol, boa alimentação e a prática regular de exercícios físicos.

Evitar o tabagismo e ter um sono de qualidade também são boas medidas. A partir dos 40 anos é recomendado frequentar o cardiologista com regularidade, realizando exames e acompanhamento adequado.

“Estas são as principais medidas para evitar o surgimento dos fatores de risco acima e prevenir o infarto”, afirma o cardiologista João Poeys Júnior, do Hospital DF Star.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Sair da versão mobile