O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou o “casal emergente do tráfico” a mais de 61 anos de prisão pelo comércio de entorpecentes, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Matheus Almeida e Cecília Calixto (foto em destaque) ostentavam viagens para destinos paradisíacos, festas exclusivas regadas aos melhores uísques e uma coleção de joias cravejadas de brilhantes. Tudo de melhor que o dinheiro do tráfico de drogas poderia comprar.
A morte trágica do filho de um praça aposentado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) levou investigadores da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), da Polícia Civil (PCDF), a desmantelar a organização criminosa especializada no tráfico de haxixe, cocaína e drogas sintéticas.
O filho do PM integrava a organização criminosa, mas chegou a ficar devendo R$ 70 mil aos comparsas. Após ver familiares ameaçados de morte, o rapaz entrou em desespero e tirou a própria vida. A partir da morte dele, o bando passou a ser investigado e o esquema começou a desmoronar.
As investigações da Cord revelaram que Matheus, conhecido como Frajola, era o líder da organização. Ele planejava, financiava e orientava o transporte de drogas provenientes de Minas Gerais e do Entorno do Distrito Federal, sempre utilizando terceiros para a execução direta e veículos registrados em nome de interpostas pessoas. Já Cecília atuava como a principal operadora financeira dos traficantes.
A 5ª Vara de Entorpecentes do DF condenou Matheus a 49 anos e 2 meses de reclusão em regime fechado. Por sua vez, a companheira do traficante teve uma pena fixada em 12 anos, 5 meses e 22 dias de reclusão, também em regime fechado.
A sentença decretou, ainda, a perda de todos os bens e valores apreendidos e sequestrados vinculados aos acusados condenados, incluindo aparelhos celulares, joias e objetos de valor, sob o entendimento de que foram empregados como instrumentos do crime ou adquiridos com recursos provenientes do tráfico e da lavagem de capitais.
Operação Cesário é deflagrada nas primeiras horas desta quinta-feira (27/6)
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São cumpridos 19 mandados de prisão temporária e 30 de busca e apreensão
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Além disso, 22 contas bancárias foram bloqueadas
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A ação ocorre simultaneamente no DF, em Minas Gerais, Alagoas e Goiás, no Entorno do DF
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O alvo é uma organização criminosa especializada no tráfico de haxixe, cocaína e drogas sintéticas
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A quadrilha é composta pelo casal “emergente do tráfico” e outros 17 comparsas
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O líder da organização chegou a morar na Asa Norte, mas se mudou para Uberlândia, onde foi preso
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A organização
Articulado, o grupo criminoso era hierarquizado e seus integrantes contavam com funções bem definidas. Os traficantes faturavam fortuna com a aquisição de drogas em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraguai.
Em seguida, as “mulas” – homens e mulheres usados pelos traficantes para transportar a droga – levavam os carregamentos para o DF. Um intermediário da organização se encarregava de revender a droga para outros traficantes que atuam em várias regiões administrativas do DF.
De acordo com as investigações da Cord, as mulheres dos traficantes líderes do esquema eram as responsáveis por toda a operação financeira da quadrilha. O fluxo de caixa era enorme e os membros do grupo viviam constantemente em contato para trocar informações sobre o “caminho” do dinheiro amealhado com o tráfico.
Especializados na distribuição de haxixe – espécie de resina extraída da maconha com alta concentração de THC – que tem valor agregado bem mais alto que a maconha, os criminosos apostavam no transporte de pequenas cargas, mas com muito valor agregado. Parte da droga tinha como destino festas com frequentadores de alto poder aquisitivo.
Os eventos realizados em praias no litoral baiano eram embalados pelas drogas despejadas pelo casal emergente do tráfico. Em imagens obtidas pela coluna, os traficantes mostram fardos de dinheiro e um cofre abarrotado que, segundo um dos traficantes, guardava R$ 169 mil.
Veja imagens do líder da organização criminosa ostentando com o dinheiro do tráfico:
Lavagem de dinheiro
Durante as investigações, os policiais identificaram que a organização criminosa utilizava a prática de lavagem de dinheiro conhecida como “smurfing“, fragmentando depósitos bancários e pulverizando o dinheiro em diversas contas correntes, sempre em nome de laranjas. Em seguida, os valores eram gastos em viagens, joias, carrões esportivos e outros bens de consumo.
Os traficantes ainda utilizavam empresas de fachada para tentar ocultar a origem do dinheiro faturado com o intenso tráfico de drogas. A principal operadora financeira do esquema, namorada do líder da organização criminosa, movimentava a fortuna conquistada com a venda das drogas.
No período de um ano, mesmo sendo dona de uma pequena lojinha de roupas já com CNPJ baixado, a mulher recebeu em sua conta R$ 500 mil, tendo como principal destinatário dos débitos o seu companheiro.
O faturamento anual bruto da suposta empresa seria de R$ 7o mil, tendo recebido os R$ 500 mil entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Apenas em outubro de 2021, a namorada do líder da organização viu R$ 300 mil serem depositados em suas contas bancárias.