Das mais de 6 mil reclamações da população do Distrito Federal sobre iluminação pública precária, somente 6,9% foram dadas como resolvidas, de acordo com dados do painel da Ouvidoria do GDF. Os dados são de janeiro até 30 de setembro.
Nesse período, segundo o portal, foram 6.050 reclamações registradas por moradores de várias regiões administrativas, como: Plano Piloto (934); Guará (574); Ceilândia (561); Taguatinga (514); e Gama (373).
O índice de 6,9% é menor, se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram 3.342 reclamações, com 8,9% dadas como resolvidas pelo painel da Ouvidoria do GDF.
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Ao Metrópoles, o presidente da CEB, Edison Garcia, explicou que a maior parte da demanda se confunde. “A maioria das demandas registradas no canal não se refere a reclamações sobre serviços não prestados, ou pedidos de manutenção não atendidos, mas sim a solicitações da população para substituição de luminárias convencionais por LED”, comentou.
“Esse tipo de pedido, que não configura falha de atendimento, aumentou desde o início do Programa de Modernização da Iluminação Pública, e é contabilizado como reclamação e impacta de forma equivocada o índice de resoluções”, acrescentou (leia mais em Descasamento estatístico).
“Estratégia”
Desde o fim da última semana, a reportagem percorreu diversos pontos, espalhados pelo DF, onde postes estão apagados. Locais como W3 Norte, Eixo Norte, EPGU, Ceilândia e Sudoeste, estavam totalmente às escuras.
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Arredores do Estádio Mané Garrincha
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Eixo W Norte, na altura da quadra 102
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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A parada de ônibus da W3 Norte, na altura da 714, está às escuras
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Criminosos furtaram os cabos do poste de iluminação na 715 Sul
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Na EPGU, além do carros, a responsável por iluminar a via é a Lua
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Mario Kenji, engenheiro eletricista e professor da UCB, comentou que o baixo índice de resolução das reclamações, por parte da CEB, pode estar ligada com estimativas de custos anuais da empresa. “Ter uma rede 100% a prova de falhas é algo difícil de conseguir na gestão, além de ter um custo muito alto. Isso encareceria a conta de luz para a população”, ressaltou.
Segundo o especialista, isso pode ser considerado uma “estratégia” para beneficiar a população. “É como no nosso orçamento familiar. Separamos uma quantidade para alimentação, estudo, lazer, manutenção da casa, etc. Tem vezes que, para comer melhor, deixa de fazer uma atividade de lazer. Isso vai muito além da gestão, tendo que olhar também para a governança da instituição”, pontuou Kenji.
Descasamento estatístico
Além de ressaltar a confusão nas reclamações feitas à Ouvidoria, o presidente da CEB, Edison Garcia, comentou um dos motivos que podem levar à demora na resolução do problema em um poste apagado. “Nos casos de fios rompidos por causa de obras, em muitos casos, a reclamação que chega na Ouvidoria passa pela Secretaria de Obras para, só depois, chegar à CEB”, lamentou.
O gestor reforçou que a Ouvidoria do GDF é um canal recursal. “Ele só deve ser acionado quando o cidadão já tiver registrado, previamente, um chamado nos canais oficiais da CEB IPes e não obtiver retorno”, alertou.
“Só que muitos usuários têm utilizado a Ouvidoria como porta de entrada para solicitações primárias de manutenção, o que gera um descasamento estatístico: esses registros aparecem como não atendidos, ainda que a companhia dê resposta direta nos canais corretos”, defendeu.
Segundo Edison Garcia, em 2024, a CEB IPes realizou mais de 162 mil atendimentos de manutenção em todo o DF, além de outros 37 mil atendimentos proativos de caráter preventivo. “Este ano, de janeiro até setembro, foram realizados 234 mil atendimentos, bastante superior ao total de 2024, em função, principalmente, dos casos de furto de cabos e vandalismo nos equipamentos de iluminação pública”, observou.
“Para se ter uma ideia, até o início de setembro, foram furtados 67 quilômetros de cabos em todo o DF e representa um prejuízo estimado de R$ 1,4 milhão. Isso reforça a gravidade do problema, que afeta diretamente a qualidade da iluminação pública e a segurança da população”, lamentou o presidente da CEB.