Cine Brasília exibiu documentário que denuncia tragédia da Braskem em Maceió

Longa-metragem independente "Ainda há moradores aqui", de Tiago Rodrigues, retrata o impacto do rompimento da mina de sal que afetou mais de 14 mil imóveis na capital alagoana

Brasília recebeu nesta segunda-feira (23) a estreia do documentário Ainda há moradores aqui, uma produção independente que joga luz sobre uma das maiores tragédias ambientais e urbanas do país: o afundamento de solo causado pela exploração de sal-gema pela mineradora Braskem em Maceió (AL), ocorrido em março de 2018.

Com 42 minutos e 34 segundos de duração, o filme é dirigido pelo cineasta Tiago Rodrigues e tem como eixo narrativo os relatos de moradores dos cinco bairros afetados, Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol, que foram removidos de suas casas após o desastre geológico. No total, mais de 14 mil imóveis foram impactados, e a vida de milhares de famílias foi devastada.

O documentário dá voz às vítimas e atua como denúncia. Por meio de depoimentos de lideranças comunitárias, ambientalistas, pesquisadores e moradores, a obra expõe o trauma emocional, as perdas materiais e a insegurança em relação ao futuro que marcam a população atingida. A produção também critica o silêncio das autoridades públicas e da própria Braskem, apontando a negligência diante da tragédia.

“O cinema também é denúncia e memória. A população daqueles bairros foi arrancada de seus lares onde viveram por gerações. Contar essa história é um ato de resistência”, afirma o diretor Tiago Rodrigues.

Durante entrevista ao Espaço Arte, a arquiteta e urbanista Isadora Padilha, presidente do Instituto IDEAL e coordenadora do projeto Cidade de Afetos, reforçou a importância de documentar o ocorrido: “Não se trata apenas de um problema geológico. É uma crise humanitária com impactos urbanos, sociais, psicológicos e ambientais profundos”.

A exibição no Cine Brasília faz parte de uma programação que busca ampliar o debate sobre justiça ambiental, memória coletiva e o papel das grandes corporações na destruição de territórios. “Ainda há moradores aqui” é mais que um registro audiovisual, é um grito por visibilidade e reparação.

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