Investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por sonegação de R$ 15,5 milhões, a Panificadora Sayonara voltou a ter destaque negativo junto à clientela. Um consumidor flagrou itens com prazo de validade vencido na unidade do Gama (DF), como mostra o vídeo abaixo:
O vídeo foi registrado no último domingo (7/12). Nas imagens, um cliente discute com uma mulher que seria a gerente da loja do Gama. Ela aparece recolhendo bandejas de frios, como presunto, mortadela e peito de peru, que tinham data de vencimento de 5 de dezembro. Isto é, os itens haviam vencido há dois dias, mas estavam à venda.
“Esses daqui, todos, se a senhora olhar, estão com a data do dia 5, e hoje são 7, e tem dois dias que eu pedi [para retirar]”, argumenta o cliente. Os itens só teriam sido retirados de venda pela gerente após o rapaz reclamar.
O Metrópoles ouviu o consumidor, que pediu para não ser identificado e evitar represálias. Ele conta que, na última sexta-feira (5/12), foi à padaria e percebeu que as bandejas estavam com data de vencimento para aquele mesmo dia.
“Eu avisei a uma atendente, que prometeu repassar o recado à gerente, que não estava no local naquele momento. Dois dias depois, no domingo (7/12), voltei à loja com um amigo e percebi que as bandejas continuavam ali”, relata o rapaz.
“No domingo (7/12), fui tomar café com um amigo, quando vi que a mercadoria não havia sido retirada e já estava vencida há dois dias. Quando falei com a gerente, ela me perguntou, com deboche: ‘Quem é você?’. Eu respondi: ‘Sou consumidor’. Ela sorriu de maneira cínica e, neste momento, comecei a gravar”, relembra o cliente.
Ter em depósito para vender, expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima/mercadoria em condições impróprias ao consumo é crime contra as relações de consumo, de acordo com o artigo 7º da Lei nº 8.137/1990. A pena varia de 2 a 5 anos de detenção ou multa.
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R$ 15,5 milhões sonegados
Em 19 de novembro deste ano, a PCDF deflagrou a Operação Bethlehem contra o grupo empresarial que gere a rede Sayonara. A investigação policial aponta que os acusados teriam deixado de recolher R$ 15,5 milhões em impostos entre 2017 e 2022.
Na data, policiais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão em endereços no Gama, Santa Maria, Ceilândia e Valparaíso de Goiás (GO). Foram apreendidos seis carros e R$ 107 mil em espécie.
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Rede de padarias Sayonara foi alvo de operação da PCDF
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Veículos foram apreendidos
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Policiais também encontraram R$ 100 mil em espécie
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Justiça determinou apreensão de bens e valores para ressarcimento do prejuízo público
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Investigação aponta que o prejuízo ao erário foi de R$ 15 milhões
De acordo com a PCDF, os empresários criaram uma empresa fantasma registrada em nome de dois “laranjas”: um sobrinho e um funcionário do contador da rede. Em nome dessa empresa, eram habilitadas máquinas de cartão de crédito e débito, utilizadas para registrar vendas que não apareciam nos balanços oficiais das padarias e farmácias. Assim, o faturamento das empresas era artificialmente reduzido, e os tributos, sonegados.
O Tribunal de Justiça (TJDFT) determinou o sequestro de bens e valores equivalente aos R$ 15,5 milhões sonegados como forma de ressarcir os cofres públicos e enfraquecer financeiramente o grupo criminoso.
Outro lado
O Metrópoles fez contato com a defesa da Panificadora Sayonara e aguarda retorno sobre as acusações feitas pelo cliente mencionadas na reportagem. O espaço segue aberto.
Sobre a operação que investiga sonegação fiscal, a empresa já havia dito que “pauta suas atividades pela estrita legalidade e transparência, mantendo um histórico de rigoroso cumprimento de suas obrigações fiscais e regulatórias”. “Informamos que as redes de padarias e farmácias já se colocaram à inteira disposição das autoridades e estão colaborando ativamente com o andamento das investigações, fornecendo toda a documentação e as informações solicitadas para o completo esclarecimento dos fatos”, concluiu à época.