Com as bênçãos do CNJ, juízes ganham novo benefício para turbinar salários

Penduricalho foi instituído pelo CNJ em abril, sob alegação de criar ações afirmativas para ampliar oferta de juízes em áreas remotas

Lucas Castor/Agência CNJ

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu uma nova possibilidade de adicional no salário para juízes, sem prever impacto financeiro.

Batizada de “Política Pública de Estímulo à Lotação e à Permanência de Magistrados(as) em Comarcas de difícil provimento”, a medida orienta tribunais a criar ações afirmativas, financeiras e não-financeiras, para tentar ampliar a oferta de juízes em áreas remotas. A portaria foi aprovada em abril pelo CNJ.

A resolução que normatiza a iniciativa, porém, abre brecha para aplicar a regra, inclusive, em unidades de grandes metrópoles.

Assinado pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o texto autoriza o adicional de salário para juízes que trabalhem em unidades:

  • com pouca estrutura urbana (população inferior a 30 mil habitantes);
  • a menos de 150 quilômetros da fronteira do País;
  • mais de 400 quilômetros distante da sede do tribunal;
  • com significativa rotatividade de magistrados titulares ou substitutos;
  • com competência de matéria de alta complexidade;
  • com demandas de grande repercussão;
  • que exponham o magistrado a agravado risco de segurança.

De acordo com a resolução, o impacto financeiro da nova política será devido a partir de 1º de janeiro de 2025, e ficará por conta do Conselho da Justiça Federal, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, e da dotação própria de cada Tribunal de Justiça.

“Pela resolução é criado adicional de valorização por lotação especial e licença compensatória (1 dia para cada 4 dias trabalhados) que podem ser convertidos em indenização. Essas duas rubricas poderão, assim, ultrapassar o teto salarial. A intenção de prover de juízes comarcas de difícil acesso é nobre, mas a solução do CNJ, mais uma vez, atenta à Constituição”, avaliou o ex-deputado Rubens Bueno, que foi relator do projeto que acaba com os supersalários no funcionalismo público.

Em nota, o CNJ afirmou que a resolução “busca promover a lotação e a permanência de juízes e juízas em comarcas de difícil provimento”.

“A ideia da gratificação é ser um estímulo para que os magistrados se fixem nessas unidades, conforme prevê, inclusive, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional. No momento, a medida não gera nenhum impacto financeiro, uma vez que o prazo dado aos tribunais para a regulamentação da resolução foi estendido para 180 dias”, afirmou o Conselho.

“O prazo adicional foi concedido na última sessão ordinária do CNJ (presencial) exatamente para que os conselhos e as cortes de justiça possam subministrar mais informações sobre as respectivas comarcas de difícil provimento e, com isso, reavalie-se com toda cautela a questão do impacto orçamentário”, diz o texto.

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