Como uma fazenda trava chegada de um bilionário polo chinês no Entorno

O ousado projeto de transformar Águas Lindas de Goiás em um grande polo industrial brasileiro, capaz de gerar milhares de empregos, está parado. O motivo é uma disputa judicial entre a prefeitura da cidade, situada no Entorno de Brasília, e uma família que é dona das terras onde o mega projeto será construído.

3 imagensFechar modal.1 de 3

O Polo Industrial em Águas Lindas de Goiás ocupará mais de 34 hectares com investimento de empresas chinesas

Reprodução/Prefeitura de Águas Lindas de Goiás2 de 3

Empresas de Shenzhen, Zhongshan e Haikou vão produzir veículos elétricos, painéis de LED e soluções de automação no local

Reprodução/Prefeitura de Águas Lindas de Goiás3 de 3

O projeto prevê cerca de 2 mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos, além de um centro de convenções e inovação

Reprodução/Prefeitura de Águas Lindas de Goiás

O Metrópoles foi até a propriedade afetada pela desapropriação, a Fazenda Cachoeira Saltador, onde mora o caseiro Agnaldo Alves, de 75 anos. Ele vive ali há décadas cuidando do gado e do terreno para a família Simonassi, dona das terras.

7 imagensFechar modal.1 de 7

Investimento chinês de cerca de R$ 2 bilhões no Polo Industrial Sol Nascente permanece parado por impasse judicial

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo2 de 7

Terreno destinado ao Polo Industrial Sol Nascente, ainda cercado por incertezas judiciais, atrasando um investimento bilionário

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo3 de 7

Prefeitura apresentou nova proposta de acordo no valor de R$ 10,8 milhões para concluir desapropriações e liberar o polo industrial

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo4 de 7

O Polo Industrial Sol Nascente já tem 62 empresas nacionais confirmadas, além de grupos internacionais interessados

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo5 de 7

Máquinas da prefeitura registradas em uma das propriedades da família Simonassi durante tentativas de desapropriação

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo6 de 7

Agnaldo Alves, 75 anos, mostra o quintal da Fazenda Cachoeira Saltador, improvisando um sistema de bombeamento de água após a derrubada da caixa d’água pela prefeitura

Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo7 de 7

R$ 659 mil foi o valor depositado pela prefeitura para desapropriar os terrenos; a Justiça avalia que o valor correto seria R$ 881 mil

Agnaldo ainda lembra do dia em que viu caminhões da prefeitura entrarem na propriedade. Eles derrubaram a caixa d’água e desligaram a energia elétrica. Desde então, ele passou a depender de pequenas bombas d’água.

“A gente teve que se virar com as bombinhas depois que levaram tudo”, conta o caseiro, mostrando o quintal onde improvisou um novo sistema para puxar água do poço.

As desapropriações são fundamentais para que o centro industrial saia do papel, mas a prefeitura ainda não chegou a um acordo com todos os proprietários nem quitou as indenizações. O impasse chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o processo corre ainda sem um desfecho.

Polo industrial chinês

Um processo mostra que o município de Águas Lindas depositou R$ 659 mil aos moradores para desapropriar o terreno, mas a Justiça avaliou que o valor deveria ser de R$ 881 mil. A diferença não foi paga. Advogados da família Simonassi afirmam ainda que o município não incluiu no orçamento os recursos necessários para as desapropriações, algo exigido por lei antes de tomar posse de uma área particular.

O projeto do polo industrial chinês pretende ocupar mais de 34 hectares, e conta com 62 empresas nacionais confirmadas, além de investidores chineses que anunciaram um aporte de cerca de R$ 2 bilhões para erguer o Centro de Convenções ITEC e outras instalações industriais.

Empresas de cidades como Shenzhen, Zhongshan e Haikou se instalariam no local, produzindo desde veículos elétricos e equipamentos industriais até painéis de LED e soluções em tecnologia e automação, além de oferecer treinamento e inovação tecnológica.

O projeto, que deveria ter começado no fim do ano passado, agora está com previsão de conclusão para 2027, e promete movimentar a economia da cidade, gerar cerca de 2 mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos, e transformar Águas Lindas em um importante centro industrial e tecnológico, com foco em tecnologia, energia limpa e comércio internacional.

Leia também

Pronunciamento

Procurada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Águas Lindas (GO) confirmou o impasse e ressaltou que tem trabalhado para resolvêlo: “O terreno onde será construído o Polo Industrial Sol Nascente foi desapropriado de forma regular e dentro da lei. O município já apresentou uma nova proposta de acordo. O caso está sendo mediado pela Justiça, e o acordo está próximo de ser concluído de forma amigável com os proprietários”.

 

Sair da versão mobile