Os rins trabalham de forma contínua para filtrar o sangue, regular os eletrólitos e eliminar substâncias que o corpo não pode acumular. Embora sejam órgãos resistentes, eles são sensíveis a excessos que se repetem ao longo dos dias, sobretudo em rotinas marcadas por má alimentação, automedicação e pouca atenção aos sinais do organismo.
O desgaste costuma ser gradual e silencioso. Muitas pessoas só percebem que algo não vai bem quando a função renal já está comprometida, já que, nas fases iniciais, não há dor ou sintomas específicos. Nessa fase, hábitos comuns podem acelerar a perda funcional.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os cinco principais hábitos que sobrecarregam os rins. Confira:
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Tabagismo
O cigarro é um dos fatores de risco mais importantes para a piora da função renal. A exposição contínua às substâncias tóxicas presentes na fumaça ativa processos inflamatórios e reduz a circulação adequada nos rins.
Com isso, o órgão passa a filtrar menos e perde a capacidade de recuperar estruturas danificadas. Além disso, o tabagismo acelera a progressão de doenças já existentes, tornando o tratamento mais difícil e aumentando a chance de perda permanente da função renal.
Segundo o nefrologista Mendell Lemo, coordenador da NefroSanta do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, além do cigarro afetar os pulmões, também interfere nos mecanismos fundamentais de preservação da função renal.
“Ele altera diretamente a microcirculação responsável pela filtragem renal, acelerando o desgaste de estruturas que já trabalham no limite”, afirma Lemo.
Dietas ricas em alimentos ultraprocessados
Produtos ultraprocessados concentram grandes quantidades de sódio, fósforo, aditivos químicos e gorduras. O excesso de sódio favorece a retenção de líquido e a elevação da pressão arterial, fatores que exigem mais do sistema de filtração.
O consumo frequente de ultraprocessados altera o equilíbrio de eletrólitos e força os rins a trabalhar mais para manter a função normal
Já o excesso de fósforo e aditivos faz com que os rins trabalhem mais para manter o equilíbrio dos eletrólitos. Por isso, se a má alimentação se mantém por meses ou anos, os rins começam a atuar em ritmo elevado, contribuindo para o desgaste do órgão.
Obesidade
A obesidade aumenta a demanda metabólica do organismo e obriga os rins a filtrar mais sangue do que o normal para lidar com o excesso de nutrientes e resíduos. Isso faz com que o corpo entre em hiperfiltração, processo que sobrecarrega os órgãos, favorece o surgimento de proteinúria e lesões nas estruturas de filtragem.
“A combinação de obesidade, sedentarismo e alimentação desbalanceada cria um cenário em que o rim precisa trabalhar mais para compensar várias alterações metabólicas ao mesmo tempo”, afirma Flávia Gonçalves, nefrologista do Sírio-Libanês, em Brasília.
O peso elevado também costuma vir acompanhado de alterações de glicose e pressão arterial. Esse conjunto de fatores cria um ambiente propício para o desenvolvimento de doença renal, já que os rins precisam lidar, simultaneamente, com mais volume, mais exigência metabólica e mais instabilidade no organismo.
Uso de esteróides anabolizantes
O uso de anabolizantes, especialmente em doses altas ou por períodos longos, provoca inflamação nas estruturas renais e pode desencadear lesões que evoluem para fibrose.
Em fases iniciais, essas alterações são discretas, mas o uso continuado aumenta muito o risco de glomerulosclerose (doença nos filtros dos rins) e perda irreversível de função. Outro fator importante é que mesmo indivíduos sem doenças prévias podem desenvolver danos quando fazem uso prolongado dessas substâncias.
Uso indiscriminado de medicações
Anti-inflamatórios, muito presentes na automedicação, reduzem a taxa de filtração dos rins e podem desencadear quadros de insuficiência renal, principalmente em idosos, hipertensos, diabéticos e pessoas que utilizam diuréticos.
Além deles, vários outros medicamentos usados sem orientação podem exigir esforço excessivo dos rins e provocar alterações. Por isso, o recomendado é evitar o uso por conta própria para preservar a função renal.
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