Criança com tumor cerebral tem sintomas confundidos com enxaqueca

Sonolência, fadiga, dores de cabeça frequentes e vômitos. Esses eram alguns dos sintomas apresentados por Carlos Eduardo Garcia, de 10 anos, em setembro do ano passado. O menino chegou a ser diagnosticado com enxaqueca e até anemia, mas exames feitos mais tarde revelaram um tumor cerebral agressivo.

Quando ia para escola, o menino de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, dormia em sala de aula e reclamava de dores. Na volta para a casa, o cenário era o mesmo: muita fadiga e sonolência constante.

Preocupada, a mãe de Cadu, Ana Paula Garcia, levou o filho várias vezes ao hospital, mas o diagnóstico era sempre o mesmo. “Os médicos avaliavam e diziam que era enxaqueca. Nunca me pediram nenhum exame e sempre me encaminhavam para um oftalmologista”, conta a professora de educação infantil.

Leia também

Os incômodos seguiram até fevereiro deste ano, com a família à procura de respostas. Entre idas e vindas a outras unidades de saúde, médicos chegaram a suspeitar de anemia, mas exames de sangue descartaram a possibilidade.

A crise mais grave de Cadu ocorreu no início de março. O menino teve paralisia no braço e em parte do rosto, além de perda de memória momentânea, chegando a esquecer o nome da própria mãe.

No hospital, médicos voltaram a afirmar que o quadro se tratava de enxaqueca. Determinada a ter uma resposta definitiva, Ana Paula insistiu que uma tomografia computadorizada fosse feita. O exame revelou um ependimoma grau 3, tumor cerebral formado através das células ependimárias no cérebro ou na medula espinhal.

Entenda o tumor cerebral

O ependimoma é um câncer que ocorre no sistema nervoso central, com vários subtipos, podendo ter a progressão mais lenta ou rápida. Por estar em grau 3, o tumor encontrado em Cadu tem comportamento agressivo, além de ter maior tendência a voltar após o tratamento, explica o médico oncologista pediátrico Lauro Gregianin.

Para casos como esse, o tratamento mais indicado é a cirurgia. “O ideal é ressecar todo o tumor para reduzir o risco de sequelas. Está possibilidade vai depender de alguns fatores, como a localização exata do tumor e o tamanho dele”, diz o médico do Instituto do Câncer Infantil, em Porto Alegre.

“Dados de literatura mostram que 10 anos após o diagnóstico, cerca de 30% das crianças que ressecaram parcialmente o tumor estão vivas. Entre as que tiveram todo o tumor ressecado, esse índice aumenta para 60%”, exemplifica o oncologista.

2 imagensFechar modal.1 de 2

Cadu e Ana Paula no hospital

Acervo pessoal 2 de 2

Após ser liberado da internação, Cadu conheceu o “Leão da coragem”

Acervo pessoal

Tratamento de Cadu

Logo após o diagnóstico, o menino passou por cirurgia para a retirada parcial do tumor, que estava próximo a um nervo central. Ele recebeu alta depois de uma semana, e se recuperava bem em casa, mas acabou estourando um ponto interno enquanto brincava, causando um vazamento de líquido na cabeça.

De volta ao hospital, o menino ficou mais um mês internado, realizando punções através da coluna a cada três dias para drenar o líquido acumulado na testa. Nesse período, Cadu teve crises alérgicas e dermatológicas relacionadas ao estresse do tratamento.

Com a alta definitiva em 9 de junho, o menino passou a realizar sessões diárias de radioterapia. O tratamento foi finalizado no início de agosto. Devido ao tumor agressivo e os tratamentos, Cadu acabou perdendo parcialmente a visão no olho esquerdo.

Ana Paula acompanha atenta a evolução de Cadu. Em outubro, ele passará por uma nova ressonância magnética. A professora exalta a importância de os pais insistirem em um diagnóstico preciso para seus filhos. “Hoje eu vejo a importância de investigar a fundo. Uma questão mínima pode acabar sendo um câncer”, afirma a mãe.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Sair da versão mobile