Rotinas de beleza que envolvem o uso de chapinhas, secadores e modeladores, em combinação com produtos comuns para os cabelos, podem liberar no ar uma quantidade de nanopartículas equivalente à exposição em uma avenida movimentada.
A descoberta, publicada na revista Environmental Science & Technology em agosto, é de pesquisadores da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, que investigaram os efeitos da prática cotidiana sobre a qualidade do ar e possíveis efeitos na saúde.
As partículas observadas têm até 500 nanômetros de tamanho, cerca de 200 vezes mais finas do que um fio de cabelo humano. Por serem tão pequenas, conseguem penetrar profundamente nos pulmões, levantando preocupações sobre os riscos de longo prazo da exposição diária.
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Como o estudo foi feito
O experimento foi conduzido em um espaço batizado de minicasa, projetado justamente para analisar poluentes liberados em ambientes internos. Nesse ambiente controlado, sete voluntários realizaram 21 rotinas diferentes de cuidados capilares, testando cinco produtos e aparelhos de calor.
Os resultados mostraram que sessões de apenas 10 a 20 minutos poderiam liberar mais de 100 mil nanopartículas por centímetro cúbico de ar. As simulações indicaram que isso permitiria a inalação de até 10 bilhões de nanopartículas, muitas delas capazes de chegar às regiões mais profundas do sistema respiratório.
Os cientistas observaram ainda que o aquecimento acima de 149 ºC intensifica a formação de partículas suspensas. Em temperaturas menores, o número de nanopartículas foi significativamente reduzido, e grande parte delas permaneceu retida no cabelo.
Riscos e recomendações
Embora ainda não haja clareza sobre os efeitos específicos dessas partículas, estudos em animais já mostraram que nanopartículas nos pulmões podem aumentar inflamações e causar danos nos tecidos. Pesquisas mais amplas sobre poluição atmosférica também reforçam os riscos à saúde relacionados a partículas em escala microscópica.
Diante disso, os autores recomendam manter os ambientes bem ventilados ao usar chapinhas e modeladores, além de ampliar os estudos sobre a composição química dessas emissões e seus impactos no organismo.
A expectativa é que pesquisas futuras possam orientar medidas de prevenção mais eficazes e reduzir os efeitos da poluição invisível que pode estar presente até mesmo na rotina de cuidados pessoais.
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