O delegado Daniel Mayer foi preso na manhã desta terça-feira (17) pela Polícia Federal, acusado de interferir e prejudicar a investigação do assassinato de Kleber Malaquias, conforme detalhado no Inquérito Policial n. 8075/2023. Mayer estava à frente do Processo n. 0749421-78.2023.8.02.0001, tramitando na 3ª Vara Criminal da Capital, mas seu histórico controverso não se limita a esse caso.
Mayer foi o quarto delegado a assumir a investigação do caso da advogada Adriana Mangabeira Wanderley, que sofreu uma invasão em seu escritório e residência, crimes que as autoridades ainda não conseguiram esclarecer. Ao longo dos últimos anos, o inquérito passou por várias delegacias, mas foi sob a gestão de Mayer que o caso sofreu um revés significativo. Ele concluiu o inquérito sem solicitar apoio da Polícia Federal, mesmo com a presença do nome do desembargador Tutmés Airan nas investigações. Há suspeitas de que Mayer tenha desfeito provas cruciais que poderiam responsabilizar o desembargador, sendo acusado de agir deliberadamente para proteger o magistrado e evitar que evidências comprometedoras fossem incluídas no processo.
Evolução do Inquérito do Caso Adriana Mangabeira Wanderley
O inquérito de Adriana Mangabeira, iniciado após o furto de documentos sensíveis de seu escritório jurídico, passou por uma série de obstáculos. Ao longo de vários meses, a investigação foi conduzida por diferentes delegados, sem que houvesse progresso significativo. Quando Daniel Mayer assumiu como o quarto delegado, sua condução foi marcada por manobras suspeitas. Relatos indicam que Mayer teria desmontado peças-chave da investigação, tornando-o peça central nas alegações de favorecimento ao desembargador Tutmés Airan, que se encontrava no centro das acusações.
O Processo n. 0749421-78.2023.8.02.0001, inicialmente sob a jurisdição da justiça alagoana, agora está prestes a ser transferido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o desembargador Airan enfrentará as acusações como réu pela segunda vez, desta vez por perseguição à advogada Adriana Mangabeira. Para Adriana, essa transferência marca uma vitória importante em sua luta, que há anos denuncia as tentativas de acobertamento do caso.
Denúncias de Perseguição e o Papel do STJ
As denúncias de Adriana Mangabeira vão além da obstrução no inquérito. Ela alega ter sido alvo de uma campanha de perseguição judicial conduzida por Tutmés Airan, que já enfrenta outras acusações de abuso de poder. A decisão de transferir o processo para o STJ aumenta as esperanças de que as tentativas de impedir a responsabilização do magistrado sejam finalmente frustradas.
Na última terça-feira, (17), Adriana Mangabeira enviou um e-mail ao promotor Kleber Varalares às 16h08, colocando-se à disposição para colaborar com as investigações. Além disso, ela apresentou uma nova denúncia à Polícia Federal, destacando a sabotagem promovida por Daniel Mayer e detalhando as suspeitas de uma conexão entre o delegado e Tutmés Airan.
Situação Irregular de Mayer e Relações Suspeitas
Outro fator que aumenta as suspeitas sobre Daniel Mayer é o fato de ele não ser um delegado de carreira. Sua designação ao cargo ocorreu por força de uma decisão judicial, o que levanta questionamentos sobre sua legitimidade para conduzir investigações de grande relevância. A irregularidade de sua nomeação, combinada com sua conduta nos casos de Adriana Mangabeira e Kleber Malaquias, reforça a ideia de que Mayer agiu para atender a interesses externos.
Uma foto anexada às denúncias de Adriana ilustra a proximidade entre Mayer e Tutmés Airan, sugerindo uma relação que pode ter comprometido a imparcialidade do delegado. A ligação entre os dois segue envolta em mistério, mas pode ser a chave para entender a extensão das manipulações que ocorreram no inquérito.
Agora, com o caso sendo levado ao STJ, há uma expectativa crescente de que as manobras de obstrução sejam desfeitas e que o desembargador Tutmés Airan seja finalmente julgado de forma imparcial.