O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nessa segunda-feira (3/11) que a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan deve ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim de dezembro. A expectativa é que o imunizante comece a ser aplicado em 2026, após a conclusão do processo de registro.
Segundo o ministro, o órgão regulador está na etapa final de avaliação dos estudos de qualidade, segurança e eficácia. A fabricação em larga escala será feita em parceria com a farmacêutica chinesa WuXi Biologics, com previsão inicial de 40 milhões de doses produzidas no próximo ano.
Dengue
- A dengue faz parte do grupo das arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por insetos vetores, como o mosquito Aedes aegypti.
- No Brasil, o principal transmissor é a fêmea do A. aegypti. Os vírus da dengue (DENV) pertencem à família Flaviviridae e ao gênero Orthoflavivirus.
- Atualmente, são conhecidos quatro sorotipos do vírus – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 – que apresentam diferenças genéticas e linhagens próprias.
- A dengue é uma doença febril aguda, de evolução rápida e potencialmente grave. Embora a maioria das pessoas se recupere, alguns casos podem evoluir para formas severas da infecção e levar ao óbito.
A vacina é indicada para pessoas de 2 a 59 anos e deve se tornar parte do calendário nacional de imunização a partir de 2026. Atualmente, o Brasil já aplica outro imunizante contra a dengue em adolescentes de 10 a 14 anos, oferecido desde 2024 pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Campanha e situação epidemiológica
O anúncio foi feito durante o lançamento da nova campanha nacional de combate às arboviroses, que inclui dengue, zika e chikungunya. Mesmo com a queda de 75% nos casos em 2025 em comparação com o ano anterior, o Ministério da Saúde alerta que o país segue em situação de atenção.
Leia também
-
Novas estratégias ampliam combate à dengue, leishmaniose e Chagas
-
Baixa adesão à segunda dose de vacina da dengue preocupa especialistas
-
Celina e Alexandre Padilha inauguram biofábrica de combate à dengue
-
Mosquitos “antidengue” são soltos em regiões do DF; entenda
Atualmente, o Brasil registra 1,6 milhão de casos prováveis de dengue e 1,6 mil mortes. São Paulo concentra mais da metade das notificações e 64% dos óbitos. Padilha destacou que o país não pode tratar a morte de mais de mil pessoas por ano como um cenário aceitável e que a vacina será peça central na estratégia de controle da dengue.
Dengue, zika e chikungunya são doenças cujos nomes são conhecidos no Brasil. Os três vírus transmitidos pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti, têm maior incidência no país em períodos de chuva e calor, e apresentam sintomas parecidos, apesar de pequenas sutilezas os diferenciarem
Joao Paulo Burini2 de 12
Febre, dor no corpo e manchas vermelhas são sintomas comuns da dengue e das outras as doenças. Apesar disso, a forma distinta como evoluem, a duração dos sintomas e o grau de complicação são algumas das diferenças entre elas
IAN HOOTON/SCIENCE PHOTO LIBRARY / Getty Images3 de 12
Estar atento aos sinais e saber identificar as distinções é importante para um diagnóstico e tratamento precisos, pois, apesar do que se pensa, essas doenças são perigosas e podem matar
boonchai wedmakawand/ Getty Images4 de 12
Na dengue, os sinais e sintomas duram entre dois e sete dias. As complicações mais frequentes, além das já mencionadas, são dor abdominal, desidratação grave, problemas no fígado e neurológicos, além de dengue hemorrágica
Uwe Krejci/ Getty Images5 de 12
Além disso, dores atrás dos olhos e sangramentos nas mucosas, como a boca e o nariz, também podem acontecer em pacientes que contraem a dengue
SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images6 de 12
Os sintomas da zika são iguais aos da dengue, só que a infecção não costuma ser tão severa e passa mais rápido. Há, no entanto, um complicador caso a pessoa infectada esteja grávida
Sujata Jana / EyeEm/ Getty Images7 de 12
Nestas situações, a doença pode prejudicar o bebê em formação causando microcefalia, alterações neurológicas e/ou síndrome de Guillain-Barré, no qual o sistema nervoso passa a atacar as células nervosas do próprio organismo
DIGICOMPHOTO/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images8 de 12
Já os sintomas da chikungunya duram até 15 dias e, segundo especialistas, provoca mais dores no corpo, entre as três doenças
Peter Bannan/ Getty Images9 de 12
Assim como a infecção pela zika, a chikungunya pode resultar em alterações neurológicas e síndrome de Guillain-Barré
Joao Paulo Burini/ Getty Images10 de 12
Apesar de não existirem tratamentos para as doenças, há medicamentos que podem aliviar os sintomas, bem como a indicação de repouso total. Além disso, aspirinas não devem ser utilizadas, pois podem piorar o quadro do paciente
Milko/ Getty Images11 de 12
Caso haja suspeita de infecção por qualquer um dos vírus, é importante ir ao hospital para identificar do que se trata e, assim, iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível
FG Trade/ Getty Images12 de 12
O Aedes aegypti é um mosquito que se aproveita de lixo espalhado e locais mal cuidados e é favorecido pelo calor e pela chuva. Por isso, impedir a presença de água parada em sua casa, rua e empresa é o suficiente para travar a proliferação do inseto
Bloomberg Creative Photos/ Getty Images
Novas tecnologias e ações de prevenção
O ministério também anunciou investimento de R$ 183,5 milhões para ampliar o uso de tecnologias voltadas ao controle do mosquito Aedes aegypti. Uma das principais apostas é o método Wolbachia, que utiliza mosquitos infectados por uma bactéria que impede a transmissão do vírus.
Atualmente presente em 12 municípios, a técnica será expandida para 70 cidades até o fim de 2026. Niterói, no Rio de Janeiro, foi a primeira cidade a atingir 100% de cobertura do método e registrou redução de 89% nos casos de dengue e de 60% nos de chikungunya.
O governo prevê o uso de estações disseminadoras de larvicidas, borrifação intradomiciliar e técnicas de controle reprodutivo do mosquito. As ações fazem parte da mobilização para o Dia D da Dengue, marcado para o próximo sábado (8/11), com o lema “Contra o mosquito, todos do mesmo lado”.
A parceria com a empresa chinesa WuXi Biologics permitirá ao Butantan produzir em larga escala a vacina desenvolvida no Brasil. A Anvisa já certificou as instalações da fábrica na China e o governo espera consolidar o registro ainda neste ano.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
