O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, negou envolvimento no crime em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou que foi incriminado pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos, porque Lessa precisava de “uma saída” para sua própria situação judicial.
Brazão destacou que não conhece Ronnie Lessa pessoalmente e que a primeira vez que o viu foi nas transmissões televisivas após o crime. A mesma alegação foi feita pelo irmão de Domingos, o deputado federal Chiquinho Brazão, que também é suspeito de ser um dos mandantes do homicídio. Ambos reiteraram desconhecer o ex-PM.
Durante o depoimento, Brazão classificou a delação de Lessa como uma “narrativa” criada para prejudicá-lo. “Um marginal sem escrúpulos, que conhecia os dois lados da polícia, construiu essa narrativa para se beneficiar”, afirmou o conselheiro. Apesar de reconhecer que Lessa e seu comparsa Élcio Queiroz estiveram envolvidos no crime, Brazão destacou que o ex-policial teria mentido em parte do relato para desviar a culpa.
O conselheiro ainda expressou seu pesar ao mencionar o assassinato de Marielle: “Eu preferia ter morrido no lugar da Marielle”, declarou.
A inclusão de seu irmão, Chiquinho Brazão, na delação foi vista por Domingos como uma tentativa de levar o caso para julgamento no STF, após anos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele questionou a rapidez com que o STF homologou a delação, mas evitou críticas diretas à Corte.
Domingos Brazão foi ouvido pelo juiz Airton Vieira, auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito das investigações que envolvem o assassinato de Marielle Franco, ocorrido em março de 2018, em um caso que ainda gera repercussão e pedidos de justiça.