Drogas do CDC eram mantidas dentro de Hilux em garagem de Águas Claras

A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco/Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apreendeu 194kg de drogas durante a Operação Fratelli Bianchi. Os entorpecentes foram encontrados dentro de uma caminhonete, estacionada em uma garagem de um prédio em Águas Claras. O veículo estava em uma “posição escondida” no canto do estacionamento. Ao todo foram encontrados 142kg de skunk e 52kg de cocaína. O prejuízo do Comboio do Cão, segundo a PCDF, é estimado em R$ 5 milhões.

Segundo o delegado-chefe da Draco, Paulo Pereira, a investigação, inicialmente, não tratava o crime de tráfico de drogas. Entretanto, durante os mandatos de busca e apreensão, foram identificados os entorpecentes escondidos em uma Hilux.

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“A caminhonete localizada, inclusive, está no nome de um indivíduo, que é conhecido como traficante do estado de Goiás e que foi preso há cerca de 10 anos, com aproximadamente 250kg de drogas”, acrescentou o delegado-chefe.

O investigador explica, ainda, que com os valores obtidos por meio do tráfico das drogas, o grupo realizava empréstimos às vítimas, sob a cobrança de juros abusivos, que posteriormente se transformava em dívidas. De acordo com a PCDF, o núcleo ameaçava as vítimas com o uso de armas de fogo, ameaças a familiares e até a retenção de veículos como forma de garantir o pagamento das dívidas.

“Em algumas situações, apurou-se um empréstimo realizado a uma vítima no valor de R$ 500 mil. A vítima não conseguia pagar e com isso a situação se culminava a uma cobrança extorsiva e violenta”, explicou.

De acordo com o delegado, o grupo não utilizava transações bancárias, por receito de serem rastreados. “Os empréstimos eram feitos em espécie, sem a utilização de uma conta. Nesse momento em que todo munda usa Pix, por exemplo, eles praticavam a agiotagem nos moldes ‘old school’”, completou Paulo.

Ao todo, quatro pessoas foram presas nesta quinta-feira (25/9), durante a operação Fratelli  Bianchi. Dois deles são “Tolete”, o agiota que atuava como braço armado do Comboio do Cão, e sua companheira – que não teve a identidade divulgada. Todos cumprem atualmente prisão temporária de 30 dias, por associação a organização criminosa na prática de crime armado. Os investigados podem responder, ainda, por extorsão qualificada, agiotagem, lavagem de capitais e tráfico de drogas. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de reclusão, além de multa.

Inicialmente, o crime do tráfico não estava incluso na investigação, mas, durante a ação policial, foi efetuado o flagrante, com a grande quantidade de entorpecente encontrados. “Esses fatos de hoje [drogas] vão ser comunicados para a Justiça, que serão encaminhados por um ofício, que acredito que seja decretada a prisão preventiva deles”, disse o delegado.

Os mandados de prisão temporária e nove de busca, apreensão e sequestro patrimonial foram cumpridos em Águas Claras, Ceilândia, Samambaia e também em Alexânia (GO). A operação resultou no bloqueio de dezenas de contas bancárias e no sequestro de imóveis e veículos ligados ao grupo. Além disso, foram apreendidos também oito veículos e quatro motos aquáticas que eram de posse dos investigados.

Veja como foi a operação:

Dois dos principais investigados já acumulam outras condenações: um deles soma mais de 46 anos de prisão por homicídio, tráfico, organização criminosa e lavagem de capitais. Um dos assassinatos atribuídos à facção, inclusive, teria sido cometido contra um próprio integrante do CDC e, mesmo assim, foi tolerado internamente, consolidando a liderança do autor dentro do grupo.

O dinheiro obtido era lavado por meio de empresas de fachada e laranjas, com o objetivo de sustentar financeiramente o braço armado da facção. De acordo com as investigações, as empresas usadas eram duas distribuidoras, que estavam no nome da companheira de “Tolete”.

“Trata-se de um núcleo voltado especialmente à prática da agiotagem, que vinha sendo utilizado como frente de arrecadação ilícita para o Comboio do Cão”, destacou a Polícia Civil.

A operação mobilizou 90 policiais, entre integrantes da PCDF — incluindo equipes da Draco e da Divisão de Operações Especiais (DOE) — e agentes da Polícia Civil de Goiás, por meio da Regional de Águas Lindas.

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