A diabetes é uma condição crônica que costuma se instalar de forma silenciosa. Muitas pessoas passam meses — ou até anos — convivendo com sintomas que parecem comuns, mas que indicam que o corpo já está enfrentando dificuldades para controlar os níveis de glicose no sangue.
Especialistas reforçam que identificar esses sinais precocemente é essencial para evitar complicações graves, como doenças cardíacas, problemas renais e alterações na visão.
Leia também
Segundo a endocrinologista Larissa Figueiredo, mudanças aparentemente discretas podem ser as primeiras pistas de que algo está fora do padrão.
Ela explica que o excesso de açúcar no sangue interfere no funcionamento de vários sistemas do organismo, desencadeando sintomas que, embora comuns, não devem ser ignorados.
“O paciente passa a urinar mais e sentir muita sede, principalmente à noite. Ele acorda de madrugada para beber água, algo que não ocorria antes”, afirma a especialista.
Outro ponto de atenção é o cansaço persistente, que aparece mesmo quando a pessoa dorme bem ou mantém uma rotina regular. Larissa destaca que isso ocorre porque as células deixam de receber adequadamente a glicose, que é sua principal fonte de energia.
“Como o açúcar não entra nas células, o corpo entende que está faltando combustível. Por isso, o indivíduo sente fraqueza, sonolência e desânimo ao longo do dia”, completa.
Alterações na pele também podem indicar diabetes, especialmente quando surgem escurecimentos em regiões como pescoço e axilas. O nome técnico desse sinal é acantose nigricans e costuma aparecer associado à resistência à insulina.
De acordo com a endocrinologista, “a pessoa nota que a pele nessas áreas fica mais grossa e escurecida, como se estivesse suja, mas não sai com banho ou esfoliação”.
14 imagens



Fechar modal.
1 de 14
O diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada
Oscar Wong/ Getty Images
2 de 14
O diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
moodboard/ Getty Images
3 de 14
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
Peter Dazeley/ Getty Images
4 de 14
Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
Peter Cade/ Getty Images
5 de 14
O diabetes pode ser dividido em três principais tipos. O tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
Maskot/ Getty Images
6 de 14
Já o diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
Artur Debat/ Getty Images
7 de 14
O diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má-formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros
Chris Beavon/ Getty Images
8 de 14
Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento
Guido Mieth/ Getty Images
9 de 14
É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença
GSO Images/ Getty Images
10 de 14
Os sintomas do diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco
Thanasis Zovoilis/ Getty Images
11 de 14
Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções
Peter Dazeley/ Getty Images
12 de 14
O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (diabetes)
Panyawat Boontanom / EyeEm/ Getty Images
13 de 14
Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle
Oscar Wong/ Getty Images
14 de 14
Quando o diabetes não é tratado devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão
Image Source/ Getty Images
No campo cardiovascular, o cardiologista Abrão Cury, do Hcor – Hospital do Coração, lembra que os sintomas nem sempre são percebidos de imediato, mas o impacto da diabetes no organismo é profundo.
Ele alerta que níveis elevados de glicose favorecem processos inflamatórios e danos nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
“A diabetes, quando não tratada, acelera o envelhecimento das artérias e causa lesões que podem evoluir para problemas graves do coração”, explica.
Sinais que podem indicar que você tem diabetes
- Sensação frequente de cansaço e irritabilidade.
- Visão turva
- Sede excessiva.
- Fome frequente.
- Boca seca.
- Doença periodontal.
- Feridas que demoram para cicatrizar.
- Formigamento nos pés e mãos.
- Perda de peso.
- Coceira ao redor do pênis ou vagina, ou episódios recorrentes de candidíase.
- Vontade excessiva de urinar.
- Coceira na pele.
- Manchas escuras na pele.
- Infecções frequentes.
Abrão reforça ainda que alguns pacientes podem experimentar palpitações, falta de ar e queda no desempenho físico, especialmente durante tarefas simples do cotidiano.
Esses sinais, segundo ele, acontecem porque “o corpo tenta compensar a sobrecarga metabólica e o comprometimento dos vasos, o que exige mais do coração”.
Os especialistas concordam que identificar sintomas cedo faz diferença no prognóstico. A combinação entre sede excessiva, aumento da frequência urinária, fome fora do comum, perda de peso não intencional, visão embaçada e cansaço constante deve servir como um alerta imediato para buscar avaliação médica.
Exames simples conseguem detectar variações da glicemia e confirmar o diagnóstico. Encerrar o ciclo de incertezas rapidamente é fundamental.
A diabetes não controlada abre caminho para complicações sérias, mas, quando descoberta a tempo, pode ser manejada com mudanças de estilo de vida, acompanhamento regular e, quando necessário, medicação.
A orientação dos especialistas é clara: qualquer sinal persistente merece atenção. Quanto antes a doença for reconhecida, maiores são as chances de prevenir danos irreversíveis e garantir qualidade de vida.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!