Givaldo Alves, conhecido nacionalmente como o “mendigo do amor”, atualmente internado na Comunidade Terapeutica Vinde Vida, falou sobre as vivências e sentimento após um caso que gerou polêmica em 2022, quando ele foi espancado por um personal trainer ao ser flagrado mantendo relações sexuais com a esposa do agressor, uma influenciadora. Em vídeo exclusivo obtido pela coluna Na Mira, ele falou sobre momentos de traumas e violência vividos após polêmica nacional.
Givaldo está internado há mais de dois anos na Comunidade Terapêutica Vinde Vida, localizada na Ponte Alta, região do Gama, no Distrito Federal. A instituição cristã é voltada para recuperação, reintegração e especialização de pessoas em situação de vulnerabilidade, dentre elas, dependentes químicos.
Segundo ele, o período foi decisivo para superar traumas acumulados ao longo dos anos em situação de rua e após a exposição pública decorrente do episódio que o tornou conhecido em todo o país.
“Aquela bagagem suja de bebida, cigarro e mulheres, tudo isso ficou para trás, me tornei sozinho. Tudo o que ocorreu me trouxe medo, dor e traumas. Cheguei a perder a confiança nas pessoas e a não saber se existia um amanhã”, relatou.
Givaldo detalhou experiências de violência e ameaças vividas nas ruas, como acordar sendo agredido ou expulso de lugares. Ele afirmou que a mudança começou quando decidiu “dar a si mesmo uma nova oportunidade” após ser acolhido pela instituição.
“Fui espiritualmente liberto de um jugo pesado. Aqui tive a chance de ser uma nova pessoa, com novas experiências”, disse.
Além do processo de recuperação pessoal, Givaldo também atua ajudando outras pessoas acolhidas. Atualmente, ele faz parte da rouparia da instituição, setor responsável por receber e organizar doações de roupas. Para ele, o trabalho é uma forma de retribuir o cuidado recebido. “Às vezes, temos tanto, enquanto existem tantas pessoas precisando só de um pouquinho.”
Ao refletir sobre o passado, Givaldo questionou a ideia de que tenha vivido “oportunidades” por causa da fama repentina. “Eu me perguntava quais oportunidades eram essas. Hoje entendo que a verdadeira oportunidade foi chegar até aqui”, afirmou.
Agora longe das polêmicas e da exposição midiática, Givaldo diz viver um processo diário de reconstrução. “O amor é imensurável. Só entende quem vive. É algo que completa e dá segurança”, concluiu.
Relembre o caso
Na noite de 9 de março de 2022, Givaldo Alves foi flagrado dentro do carro de Sandra Mara Fernandes, então esposa do personal trainer Eduardo Alves, em uma rua de Planaltina. Ao se deparar com a cena, Eduardo reagiu com violência, acreditando se tratar de um estupro, e agrediu o morador de rua.
As imagens das agressões circularam nas redes sociais e chocaram o país. O caso mobilizou a polícia, psicólogos e milhões de internautas. Dias depois, laudos médicos apontaram que Sandra estava em surto psicótico decorrente de transtorno afetivo bipolar no momento do episódio.
Na época, Givaldo, em entrevista ao Metrópoles, afirmou que a relação foi consensual e que havia sido convidado por ela a entrar no carro. “Eu andava pela rua e ouvi um grito: ‘Moço, moço’. Olhei para trás e só tinha eu. E ela confirmou comigo dizendo: ‘Quer namorar comigo?’”, contou na época. “Não cometi estupro. Deus me colocou em um lugar cercado por câmeras que comprovam isso”, declarou na ocasião.
Mas o brilho foi breve. Pouco tempo depois, Givaldo apagou suas redes sociais e sumiu da mídia. Fotos tiradas há cerca de dois anos o flagraram andando por Ceilândia com uma sacola de compras ao lado de uma mulher. Desde então, não há registros de sua localização ou atividade.
Antes da fama, Givaldo já havia tido passagens pela polícia — inclusive uma condenação por sequestro em 2004. Após o caso de 2022, chegou a responder por difamação, em razão das entrevistas em que detalhava o ocorrido com Sandra. Apesar de ter tentado transformar a notoriedade em oportunidades, sua trajetória pública terminou de forma silenciosa, e o “ex-mendigo mais famoso do país” retornou ao anonimato.
O caso virou tema nacional não apenas pelo escândalo, mas pelos debates sobre vulnerabilidade social, saúde mental e o poder destrutivo da fama instantânea. Atualmente, Sandra dirige e influencia, Eduardo se recolheu e recomeçou, e Givaldo desapareceu da vida pública.