Um grupo de estudantes realizou um protesto em frente ao Inep para cobrar respostas sobre o suposto vazamento de questões idênticas às aplicadas no Enem 2025. Impulsionados pela força da hashtag #AnulaEnem, que ganhou grande alcance nas redes sociais ao longo da semana, eles se reuniram, por volta das 16h desta sexta-feira (21/11), na sede do órgão responsável pela prova.
Entre os presentes estava Natália Souza, 22 anos, que estuda para vestibulares há quatro anos. Para ela, o vazamento colocou em risco todo um processo seletivo e torna impossível garantir que não haja prejuízo aos candidatos.“Só o estudante sabe o peso de estudar 6, 8, 12 horas por dia. Eu comecei a tomar medicamentos psiquiátricos para ansiedade”, declarou.
Também no ato, Lucas Monteiro, 21 anos, relatou frustração e cansaço. Ele tenta há dois anos ingressar no curso de Relações Internacionais. “Eu tirei uma boa nota, o problema é que tem pessoas que tiraram melhores ainda por ter acesso privilegiado”, disse. Ex-atleta na adolescência, Lucas contou ainda ter abandonado o esporte e a maior parte da vida social para se dedicar integralmente aos estudos.
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Estudantes reunidos em frente ao Inep pedem anulação do Enem após suspeita de vazamento de questões
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Manifestantes cobram transparência e justiça no processo do Enem durante ato em Brasília
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Ato impulsionado pela hashtag #AnulaEnem reúne jovens que denunciam perda de isonomia no exame
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O que está acontecendo
- A suspeita de vazamento do Enem 2025 começou após a repercussão de uma live do estudante de medicina Edcley de Souza Teixeira, publicada cinco dias antes da prova de Ciências da Natureza.
- Na transmissão, Edcley apresentou questões quase idênticas às que caíram no exame oficial.
- Além da live, em sua “monitoria”, ele disponibilizava PDFs com questões que, segundo ele, poderiam cair no Enem.
- Usuários do X apontaram que Edcley teria acesso a material sigiloso, sugerindo que essas questões seriam antecipadas para alunos do seu curso.
- Em um dos casos citados, o estudante exibiu em live uma questão de Biologia com os mesmos dados do item aplicado na prova do Enem, que ainda não havia ocorrido.
- Ele já havia sido premiado pelo MEC, recebendo R$ 5 mil e o título de “Talento Universitário” após alcançar uma das maiores notas na avaliação da Capes.
- Foi ao participar dessa prova que Edcley descobriu que o exame da Capes funciona, na prática, como um “pré-teste”, usado para avaliar o nível de dificuldade das questões, em um formato muito parecido com o Enem.
O Ministério da Educação (MEC) acionou a Polícia Federal, que abriu investigação sobre o caso. Além disso, a pasta e decidiu anular três questões do Enem 2025, após identificar que um universitário antecipou, em uma live, itens semelhantes aos aplicados na prova do último domingo (16/11)
Na nota, o órgão informa que há indícios de que perguntas dos pré-testes do Inep, utilizadas para calibrar futuras questões do exame, foram usadas em um curso preparatório on-line, coincidindo exatamente com a polêmica acerca de Edclay.
O ministro voltou a se manifestar na sexta-feira (21/11), desta vez pelas redes sociais, onde divulgou um vídeo afirmando que a edição de 2025 do Enem não será anulada. Santana pediu calma aos candidatos e familiares e garantiu que o governo está atuando para assegurar a lisura do exame.
“Quero tranquilizar cada um de vocês: o Enem não será cancelado”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana. Ele ressaltou ainda que o governo está acompanhando o caso de perto para garantir a segurança e a transparência do processo e classificou o episódio como “um caso de polícia”.