Por décadas, acreditou-se que a bactéria Helicobacter pylori era a principal vilã por trás do câncer de estômago. Mas novas pesquisas, apresentadas por cientistas australianos e publicadas no portal Scimex, mostram que a explicação não é tão simples.
Embora o H. pylori esteja presente em milhões de pessoas, apenas uma pequena parcela desenvolve o tipo mais comum de tumor gástrico, o que indica que outros fatores estão envolvidos.
De acordo com os pesquisadores, a infecção crônica pela bactéria provoca inflamação no revestimento do estômago e altera o equilíbrio do microbioma — conjunto de microrganismos que vivem no corpo humano.
Leia também
-
O que acontece com o estômago quando você janta muito tarde
-
Chá anti-inflamatório ameniza irritação e queimação no estômago; veja
-
Estudo revela que as emoções também passam pelo estômago. Entenda
-
Jovem com azia descobre câncer terminal no estômago aos 28 anos
Essas mudanças abrem espaço para a entrada de outras bactérias, inclusive espécies que normalmente habitam a boca. Algumas delas produzem lactato, uma substância que pode servir como fonte de energia para as células cancerígenas, favorecendo o crescimento e a disseminação dos tumores.
Além das bactérias, fatores genéticos e imunológicos exercem papel importante. Mutações no DNA das células do estômago e falhas na resposta de defesa do organismo podem criar um ambiente propício para a formação de tumores, mesmo na ausência da H. pylori.
Os especialistas responsáveis pela pesquisa destacaram que entender como esses elementos interagem é essencial para desenvolver novas estratégias de prevenção e tratamento.
Sintomas de câncer de estômago
- Os sintomas do câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, são inespecíficos, mas costumam estar associados à má digestão.
- Alguns sinais, como perda de peso e de apetite, fadiga, sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistentes, podem indicar tanto uma doença benigna (úlcera, gastrite etc.) quanto um tumor de estômago.
- Sangramentos gástricos são frequentes no câncer de estômago, entretanto, o vômito com sangue ocorre em poucos casos.
- Fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte são indicativos de sangue digerido e podem ser sinal do tumor.
- Caso qualquer um desses sintomas dure mais de duas semanas, é preciso buscar a orientação médica.
Outra frente de pesquisa avalia como as células tumorais sobrevivem em condições adversas. Segundo os cientistas, mecanismos de defesa, como a autofagia — processo de “reciclagem” celular —, ajudam as células do câncer a resistir ao estresse. Bloquear esse tipo de resposta pode ser uma estratégia para tornar os tumores mais vulneráveis a terapias.
Apesar de probióticos com bactérias do tipo Lactobacillus serem estudados por seu potencial benéfico ao sistema digestivo, ainda não há evidências sólidas de que eles possam prevenir o câncer de estômago.
Os autores do estudo reforçam que é preciso cautela antes de recomendar qualquer intervenção nesse sentido. Em resumo, a H. pylori continua sendo um fator de risco relevante, mas está longe de ser a única responsável pelo câncer de estômago.
A doença é resultado de uma combinação complexa de microrganismos, mutações genéticas e respostas imunológicas — um lembrete de que, como diz um dos pesquisadores, “claramente, algo mais está acontecendo”.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!