A Covid-19 ainda desafiava médicos quando pesquisadores franceses começaram a investigar por que alguns pacientes evoluíam rapidamente para quadros graves. A pesquisa da Montpellier Cancer Research Institute analisou diferentes amostras biológicas de pessoas infectadas e encontrou um dado importante: quando o RNA do SARS-CoV-2 aparecia no sangue — fenômeno chamado de viremia —, o risco de agravamento aumentava de forma consistente.
O estudo publicado em outubro no Journal of Medical Virology analisou pacientes com quadros leves, moderados e graves e comparou a carga viral encontrada no trato respiratório, no escarro e no plasma.
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A presença de RNA viral no sangue foi detectada em uma parcela dos participantes e esteve associada a marcadores que costumam indicar pior evolução, como inflamação mais intensa, queda nos linfócitos e maior necessidade de suporte respiratório.
A pesquisa mostra que a viremia pode refletir um desequilíbrio do organismo no início da infecção. Quando o vírus consegue ultrapassar as vias aéreas e chegar à circulação, tende a desencadear uma resposta inflamatória mais agressiva, o que explica por que esses pacientes têm maior probabilidade de precisar de UTI e ventilação mecânica, além de apresentar maior risco de morte.
A carga viral, portanto, surge como um possível biomarcador para identificar quem precisa de cuidados mais intensos logo nos primeiros dias. Os autores lembram que a presença de RNA viral no sangue ainda não define, sozinha, a conduta clínica.
O estudo aponta associação, não causa direta, e reforça que ainda faltam padronização e testes disponíveis para que essa medição seja usada de forma rotineira.
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