Glauber Braga encerrou greve de fome e denunciou perseguição política

Deputado do PSOL-RJ perdeu mais de 10 quilos durante o ato extremo; processo no Conselho de Ética é visto como retaliação após denúncias contra Arthur Lira

Foto: Assessoria de Comunicação Deputado Glauber Braga

Foto: Assessoria de Comunicação Deputado Glauber Braga

Em um gesto político raro na atual conjuntura marcada por pragmatismo e cálculo eleitoral, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) protagoniza uma greve de fome como forma de protesto contra o processo de cassação de seu mandato, que tramita no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Braga, que já perdeu mais de 10 quilos desde o início do protesto, afirma estar sendo vítima de perseguição política após denunciar o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por supostas irregularidades na liberação de emendas parlamentares. Em sessão plenária, o parlamentar chamou Lira de “bandido” ao criticar o chamado “orçamento secreto”, manobra criada durante o governo Bolsonaro para ampliar o poder do relator do Orçamento. A Polícia Federal investiga o caso e já ouviu Braga como testemunha.

A acusação formal contra o deputado, no entanto, tem origem em um episódio diferente: uma reação verbal a provocações de um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo conhecido por suas posições extremistas. A defesa de Glauber alega que houve uma clara tentativa de provocação com fins políticos, e classifica o processo como “casuístico” e “injusto”.

Para analistas políticos, a ofensiva contra Glauber Braga representa mais que um embate pessoal: é também o reflexo de um ambiente institucional que, em vez de se debruçar sobre denúncias de corrupção e malversação de recursos públicos, busca silenciar vozes dissonantes e combativas.

“Não é apenas meu mandato que está em jogo, mas o direito de exercer oposição firme e com liberdade de expressão. Estou disposto a ir até o fim nessa luta”, declarou o deputado em nota divulgada por sua assessoria.

O gesto extremo da greve de fome, ainda que arriscado à saúde, ampliou o alcance simbólico da resistência de Glauber e acendeu alertas sobre os rumos do debate democrático no Parlamento.

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