A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou nesta sexta-feira (31) a mobilização de governadores de direita em torno da criação do chamado “Consórcio da Paz”, anunciado após a operação policial mais letal da história do país, no Rio de Janeiro. Em publicações nas redes sociais, a ministra acusou o grupo de “investir na divisão política” e de tentar “colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”.
Segundo Gleisi, os governadores de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estariam agindo de forma eleitoreira e enfraquecendo o esforço conjunto de combate ao crime organizado. “Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump”, escreveu a ministra no X (antigo Twitter).
Em outra publicação, ela voltou a criticar a postura dos chefes dos Executivos estaduais. “Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro, do mesmo jeito que Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram com as tarifas e a Magnitsky. Segurança pública é uma questão muito importante, que não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros. Combater o crime exige inteligência, planejamento e soma de esforços”, completou.
O Consórcio da Paz foi anunciado por governadores de oposição após a megaoperação no Rio, que resultou em mais de 100 mortos. O grupo reúne Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Riedel (PP-MS) e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), além de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
A proposta, segundo os governadores, visa “reforçar a integração e o compartilhamento de informações de inteligência” para enfrentar o avanço do crime organizado no país.
As declarações da ministra ocorrem em meio a um aumento das tensões políticas entre o Palácio do Planalto e os governos estaduais comandados por partidos de direita. A troca de acusações evidencia a disputa por protagonismo na agenda de segurança pública e antecipa o embate político que deve marcar as eleições de 2026.