O medo de ser assaltado é a justificativa que o suspeito, de 41 anos, deu à Polícia Civil para o ataque brutal cometido contra o motorista de aplicativo, Elias Alves dos Santos Filho (foto em destaque), de 37 anos, na madrugada do último sábado (26/10). O crime, que quase terminou em morte, ocorreu durante uma corrida entre Águas Lindas (GO) e o Recanto das Emas (DF).
Segundo o relato do autor, o motorista teria alterado o trajeto e um carro passou a seguir o veículo, o que o levou a acreditar que estava sendo levado para uma emboscada. Supostamente tomado pelo medo, o passageiro sacou um canivete e desferiu vários golpes no pescoço da vítima, que ficou gravemente ferida.
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De acordo com a investigação da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), o suspeito havia ingerido bebidas alcoólicas após uma confraternização familiar. A corrida foi solicitada pelo irmão do autor, a pedido dele.
Ataque feroz
Durante o trajeto, o motorista manteve o percurso normal indicado pelo aplicativo, mas, sob efeito do álcool e tomado pela desconfiança, o passageiro acreditou estar em perigo e atacou de forma repentina, sem qualquer ameaça real.
Mesmo gravemente ferido, o motorista conseguiu dirigir até o Hospital Regional de Ceilândia, onde perdeu o controle do veículo e colidiu contra um poste em frente à unidade. Ele foi socorrido imediatamente e segue internado em estado grave.
Após o ataque, o agressor fugiu e se escondeu em uma área de mata, de onde enviou mensagens de áudio ao irmão confessando o esfaqueamento. Pouco depois, foi resgatado pelo próprio irmão e levado para casa. No dia seguinte, o homem jogou as roupas sujas de sangue no lixo e fugiu novamente. As peças foram localizadas e apreendidas pelos investigadores.
“Reação instintiva”
Na tarde de segunda-feira (27/10), o suspeito se apresentou espontaneamente na 15ª DP, acompanhado de dois advogados. Durante o interrogatório, admitiu o crime, mas insistiu que agiu por medo, alegando ter “reagido instintivamente” ao suposto risco de assalto.
A ação que resultou na prisão foi batizada de Operação Percurso Final, em referência ao trajeto alterado que motivou a desconfiança do autor e simboliza também o caminho trilhado pela investigação até sua captura.
Conforme o delegado-chefe João de Ataliba Nogueira Neto, responsável pelo caso, a apuração contou com o apoio da empresa de transporte por aplicativo, que forneceu dados da corrida, além de depoimentos de testemunhas. As provas confirmaram a autoria e a dinâmica dos fatos.
O homem, que não possuía antecedentes criminais, foi indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado — pelo uso de meio cruel e por impossibilitar a defesa da vítima. Ele foi encaminhado à Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde permanece à disposição da Justiça.