Janusz sentia dificuldade para respirar, mas acreditava que o problema era desencadeado por sua asma. Ele só descobriu o câncer por acaso, em maio deste ano, durante uma colonoscopia. O tumor já estava em estado avançado e os médicos acreditavam que ele não viveria até outubro deste ano. Mesmo com tratamentos de quimioterapia e radioterapia com sucesso total, ele tinha apenas 35% de chance de sobreviver por mais de cinco anos.
Dado o prognóstico desesperançoso, o empresário de Londres decidiu se voluntariar para os testes pioneiros da vacina. O imunizante usa uma tecnologia semelhante à da vacina contra a Covid-19: ele ensina o corpo a reconhecer as proteínas das células cancerígenas e eliminá-las.
A mesma tecnologia foi usada para desenvolver uma vacina contra o câncer de intestino, que começou a ser testada em junho, e de pele, testada desde abril. Em todos os casos, elas não são preventivas, mas imunizantes que complementam o tratamento e diminuem as chances de reicidiva (retorno do tumor).
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O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos
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No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo
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O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco
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A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior
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A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer
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Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes
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Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir
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O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar
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Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo
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Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo
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A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença
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Como funciona a vacina contra o câncer de pulmão?
Com este tipo de vacina, o corpo passa a identificar as ameaças cancerígenas mais rápido e consegue combatê-las com eficácia maior. O voluntário recebeu seis doses consecutivas da vacina, com “manuais de instrução” para eliminar seis subtipos do câncer, os mais frequentemente expressados em câncer de pulmão de células não pequenas, como o de Janusz.
Ele receberá um reforço toda semana por seis semanas consecutivas. Depois, segue em tratamento, tomando a injeção a cada três semanas por um ano. “Esperamos que adicionar esse tratamento adicional impeça o câncer de voltar. Muitas vezes, para pacientes com câncer de pulmão, mesmo após cirurgia e tratamentos com radiação, o câncer volta”, disse o médico Siow Ming Lee, líder do estudo, em entrevista à BBC.
Além da vacina, os pacientes que participam do teste recebem o tratamento de imunoterapia cemiplimab para combater o tumor de forma focada. Além do Reino Unido, o teste de fase 2 para BNT116 está em andamento em seis países: Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Polônia, Espanha e Turquia.
Ainda não há previsão para a divulgação dos resultados sobre a tolerância dos pacientes ao tratamento, mas a farmacêutica prevê bons resultados considerando a tolerância de pacientes com câncer de pulmão avançado a outros imunizantes que usam vacinas de mRNA.
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