Pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, divulgaram um estudo nesta quarta-feira (19/11) em que demonstram que idosos que fazem suas refeições sozinhos possuem uma alimentação mais precária e maiores alterações fisiológicas ligadas ao envelhecimento.
A revisão de estudos publicada na revista Appetite reuniu dados de 24 pesquisas com 80 mil idosos de 12 países e associou as refeições solitárias ao pior estado nutricional. Apenas cinco estudos não registraram associações negativas entre comer sozinho e marcadores de saúde.
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Impacto de comer sozinho para os idosos
As análises relataram baixa diversidade alimentar, menor ingestão de frutas, verduras e carnes e um risco maior de fragilidade associada ao envelhecimento em idosos que comiam desacompanhados. Também foi registrada uma maior perda de massa muscular entre eles. Para os pesquisadores, esses achados reforçaram a necessidade de estratégias sociais voltadas a refeições compartilhadas.
“Sabíamos, por pesquisas anteriores, que sentimentos de solidão e isolamento social podem contribuir para a redução da ingestão de alimentos, mas ainda não tínhamos explorado os resultados nutricionais e físicos de idosos que comem sozinhos em comparação com aqueles que comem acompanhados”, afirma a nutricionista Caitlin Wyman, líder do estudo, em comunicado à imprensa.
Como muitos idosos apresentam redução de sinais de fome e alterações sensoriais ligadas à idade, os especialistas acreditam que isso os deixa menos dispostos para preparar refeições complexas. A presença de outras pessoas durante as refeições poderia estimular esse comportamento e o prazer de se alimentar.
Implicações para políticas de saúde
Os pesquisadores indicam que os resultados obtidos têm potencial para orientar estratégias públicas para incentivar melhores hábitos alimentares na terceira idade, inclusive encaminhando idosos para restaurantes comunitários e programas de refeições coletivas.
Os resultados australianos mostram que triagens simples podem identificar idosos em risco, com perguntas diretas sobre o contexto social das refeições ajudando a compor os planos nutricionais dos pacientes para além do acompanhamento de massa muscular e peso corporal.
“A comida é mais do que o benefício nutricional que proporciona. Comer juntos promove conexão, prazer e nutrição. Incentivar oportunidades para refeições compartilhadas, seja com a família, amigos ou programas comunitários, pode ajudar a melhorar a ingestão de alimentos, o estado nutricional e a qualidade de vida de idosos que vivem em casa”, conclui a líder da pesquisa.
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