A garrafinha d’água que acompanha o dia a dia — na academia, no escritório ou na escola — pode virar um foco de contaminação se não for higienizada todos os dias. Por ser um recipiente úmido e fechado, ela tem o ambiente ideal para a proliferação de microrganismos que chegam pela boca, pelas mãos ou pelo ambiente.
O infectologista Igor Thiago Queiroz, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alerta: “Quando a gente usa a mesma garrafinha o dia inteiro, sem higienizar, permite a contaminação por agentes infecciosos, especialmente no local onde colocamos a boca.”
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Por que a garrafinha suja representa risco?
Com o uso contínuo, saliva, partículas de comida e sujeira trazida pelas mãos começam a se acumular no bico, na tampa e nas paredes internas da garrafa. A microbiologista Fabíola Castro, professora do Centro Universitário de Brasília (Ceub), explica que essa combinação favorece a formação de biofilmes — estruturas que protegem os microrganismos e tornam a limpeza mais difícil.
“A multiplicação é rápida: algumas bactérias se reproduzem a cada 20 minutos, e o biofilme começa a se formar em poucas horas”, alerta.
Essas condições permitem que bactérias como Staphylococcus, Streptococcus, Pseudomonas e Escherichia coli se instalem, além de fungos como Aspergillus, Penicillium, Cladosporium e leveduras como Candida.
Em pessoas saudáveis, eles podem causar desconfortos gastrointestinais. Em crianças, idosos e imunossuprimidos, os quadros podem durar mais tempo e evoluir com sinais de desidratação e queda de pressão.
O infectologista Queiroz destaca que os primeiros sintomas costumam ser dor abdominal, náusea, vômitos e diarreia, pois a via digestiva é a principal porta de entrada.
Como os microrganismos chegam ali?
As fontes de contaminação são combinadas. O contato direto da boca com o bico da garrafa transfere saliva e bactérias da cavidade oral. Mãos sujas levam microrganismos de superfícies para dentro do frasco.
E o ambiente — especialmente academias, transportes públicos, banheiros e chão — adiciona poeira, esporos de fungos e bactérias ambientais. A microbiologista reforça que, quando há contato oral direto, a carga microbiana é ainda maior.
O material da garrafa importa?
A resposta é sim! Segundo os especialistas, estudos laboratoriais que mostram que o plástico, principalmente o PET, tende a acumular mais microrganismos e formar biofilmes com facilidade.
Vidro e aço inox apresentam menor porosidade e costumam ser mais resistentes à aderência microbiana, facilitando a limpeza. No entanto, tampas, anéis de vedação e canudos — quase sempre de plástico ou borracha — continuam sendo os pontos mais críticos, independente do material do corpo da garrafa.
Vidro e aço inox acumulam menos microrganismos e são mais fáceis de higienizar que o plástico, que forma biofilme com maior facilidade e exige atenção redobrada na limpeza diária
Recomendações práticas
- Lavar diariamente com detergente e escova, desmontando tampas e canudos para alcançar todas as partes.
- Usar água quente regularmente ou a lava-louças quando o material permitir. Em caso de sujeira visível, deixar de molho em água fervente ou água sanitária.
- Preferir vidro ou inox se a rotina dificultar a higienização adequada. Substituir peças danificadas ou com manchas persistentes.
Com limpeza diária e atenção às partes desmontáveis, a garrafinha volta a ser aliada da hidratação — sem transformar o hábito de beber água em risco para a saúde.
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