O julgamento dos quatro réus acusados do assassinato do ativista político Kleber Malaquias continua nesta terça-feira (18) no Fórum Desembargador Maia Fernandes, em Maceió. Após um primeiro dia intenso, que se estendeu por cerca de 12 horas na segunda-feira (17), o júri entra agora na fase decisiva, com a apresentação das provas pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL) e os debates entre acusação e defesa.
Durante o primeiro dia de julgamento, nove testemunhas foram ouvidas, entre elas a mãe da vítima e o delegado Lucimério Campos, que atuou na investigação antes de ser afastado do caso. Também prestou depoimento o secretário executivo de Gestão Interna da Segurança Pública, delegado José Carlos André dos Santos.
Os réus José Mário de Lima Silva, Fredson José dos Santos, Edinaldo Estevão de Lima e Marcelo José Souza da Silva foram interrogados e negaram qualquer envolvimento no crime. No entanto, a acusação, representada pelos promotores de Justiça Lídia Malta Prata Lima e Thiago Riff, reforçou as qualificadoras do homicídio, apontando impossibilidade de defesa da vítima e promessa de recompensa como agravantes.
O juiz Eduardo Nobre, que preside o júri, afirmou que há possibilidade de o julgamento se estender até quarta-feira (19), dependendo da duração dos debates entre defesa e acusação. Caso o andamento seja mais célere, a sentença pode ser proferida ainda nesta terça-feira.
Durante seu interrogatório, um dos réus, um sargento da Polícia Militar, fez declarações polêmicas, afirmando que a corrupção policial em Alagoas começa dentro da própria instituição. Ele chegou a citar o filme “Tropa de Elite” para ilustrar sua indignação com a acusação e o andamento do processo.
“Não tem uma testemunha que envolva meu nome, é só um desses indícios, um achismo. Estou indignado. Eu tenho uma família para sustentar, uma mãe que passou por cirurgia para enxergar e deixo de dar assistência à minha neta e a meus filhos. Tenho quatro netos”, declarou.
O sargento ainda mencionou sua filha, que está grávida, para reforçar sua posição de que é um “bom pai de família” e um policial exemplar. “Eu sou um bom amigo, um bom funcionário público e fazem de mim um bandido. Eu tenho que estar revoltado”, concluiu.
Devido à complexidade e à necessidade de segurança do caso, o julgamento ocorre na capital alagoana, já que os acusados incluem agentes e ex-agentes da segurança pública.
A expectativa para esta terça-feira é que o MP-AL apresente novas provas ao Conselho de Sentença, reforçando o pedido de condenação dos réus.