O ex-deputado estadual Fernando Cury, acusado de importunação sexual contra a também ex-deputada Isa Penna, começou a ser julgado nesta quarta-feira (26), na 18ª Vara Criminal de São Paulo.
A audiência teve início por volta das 13h30, de forma remota, sendo conduzida pela juíza Danielle Galhano Pereira da Silva. Nesta quarta, foram ouvidas Isa Penna e a testemunha de acusação Erica Malunguinho.
VÍDEO — Deputada Isa Penna fala sobre assédio sexual na Alesp: “Me sinto exposta e violada”
A expectativa era de que fossem ouvidas pelo menos cinco testemunhas de acusação.
A continuação da audiência foi marcada para o dia 10 de agosto deste ano, às 13h30, com depoimentos de outras 10 testemunhas e o interrogatório de Cury.
Além de Malunguinho, foram convocados como testemunhas para esta etapa do processo os deputados estaduais Alexander Muniz de Olveira, o Alex de Madureira (PL); André do Prado (PL), atual presidente da Alesp; e Carlos Eduardo Pignatari, o Carlão Pignatari, ex-presidente da Alesp.
Por serem parlamentares ou ex-parlamentares, testemunhas que não compareceram nesta quarta têm prerrogativa de escolher o dia em que serão ouvidas.
As advogadas de Isa Penna, Danyelle Galvão e Alice Pereira Kok, disseram por nota que a audiência transcorreu normalmente e que “Erica Malunguinho presenciou os fatos e os confirmou em juízo”.
O advogado Ezeo Fusco Junior, que representa Fernando Cury, ressaltou que não houve “surpresa” nos depoimentos apresentados neste primeiro dia, reafirmando a inocência do ex-parlamentar.
“Reitero a confiança de que o ex-deputado Fernando Cury não praticou crime de importunação sexual. Pode-se considerar uma conduta inadequada, mas não caracteriza crime “, pontuou.
“Reconheço que foi um ato inadequado, mas não cometi crime”, diz Fernando Cury
Exclusivo: universidades demitiram apenas 6% dos professores acusados de assédio sexual nos últimos 10 anos
Padre é preso no Rio de Janeiro acusado de abusar sexualmente de duas crianças
Relembre o caso
Em dezembro de 2020, Cury foi flagrado pelo sistema de câmera da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) apalpando os seios da parlamentar.
Cury foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo em abril de 2021, que foi recebida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em dezembro do mesmo ano.
Ele chegou a ser suspenso do mandato de deputado estadual por 180 dias, a partir de uma decisão do Conselho de Ética da Alesp.
Na ocasião, o suplente, Padre Afonso, assumiu o cargo. Em razão do episódio de assédio, Cury também foi expulso do Cidadania, partido do qual fazia parte na época.
Em 15 de junho de 2023, quando a Justiça marcou a audiência, Isa Penna afirmou à CNN que a situação ainda traz “gatilho muito forte” e que o processo tem sido muito demorado.
“Eu me sinto indignada e injustiçada. Injustiçada pela demora e o descaso e indignada porque se uma deputada foi tratada desse jeito, as mulheres com menos visibilidade sofrem ainda mais. Eu estou com a expectativa de que esse caso e o desfecho desse caso seja precedente histórico na luta das mulheres e sirva para todas nós”, comentou.
Em entrevista à CNN em outubro de 2021, Cury admitiu que fez um “ato inadequado”, mas disse que não cometeu crime.
*publicado por Tiago Tortella, da CNN
*com informações de Douglas Porto, Renato Pereira, Gabriela Prado e Renan Fiuza, da CNN
Este conteúdo foi originalmente publicado em Justiça marca para 10 de agosto próxima audiência do julgamento de Fernando Cury no site CNN Brasil.
