Lula cobra compromisso dos países ricos com a agenda ambiental

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (30) que já não acredita na promessa dos países ricos de compensar financeiramente os países que conservam suas florestas, uma medida que ajudaria a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A declaração foi dada em entrevista coletiva, na qual o presidente cobrou mais seriedade dos líderes internacionais sobre os compromissos assumidos nas conferências do clima.

Lula destacou o papel essencial das populações locais da Amazônia na preservação da floresta, mas enfatizou que a garantia de direitos e recursos é indispensável para esse processo. “Temos de fazer uma luta muito grande na questão do clima. Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs [conferências sobre mudanças climáticas] vão ficar desmoralizadas, porque medidas são aprovadas; fica tudo muito bonito no papel, mas depois nenhum país cumpre”, declarou o presidente.

O Presidente também relembrou o histórico de descumprimento dos acordos climáticos por parte dos Estados Unidos. Ele citou a decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar o país do Acordo de Paris, além do descumprimento do Acordo de Kyoto. Lula criticou a falta de repasse financeiro acordado para os países em desenvolvimento: “Os países se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano e até hoje não deram. Agora a necessidade é de US$ 1,3 trilhão. Tenho certeza de que eles não vão dar. Os ambientalistas então baixaram para US$ 300 bilhões. E também não vão dar. É preciso que a gente faça uma discussão séria”, criticou.

Segundo Lula, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro deste ano, será um marco para a definição de ações concretas sobre a emergência climática. “Se queremos discutir a questão do clima com seriedade; se queremos fazer com que haja uma transição energética de verdade; se queremos mudar o nosso planeta pra gente poder sobreviver nele; ou vamos brincar de falar sobre a questão do clima”, pontuou.

O presidente também reforçou a importância de que eventuais recursos para a preservação ambiental cheguem efetivamente às populações que vivem nas regiões florestais. “Eles têm de saber que, quando falamos em zerar o desmatamento até 2030, debaixo da copa de cada árvore tem um indígena, um ribeirinho, um pequeno trabalhador rural. E essa gente tem de ter acesso ao que todo mundo tem; eles têm direito a bens materiais”, afirmou Lula.

Com a proximidade da COP30, o discurso do presidente reforça a posição do Brasil como protagonista na agenda climática global, ao mesmo tempo em que expõe a desconfiança em relação às promessas feitas pelos países desenvolvidos.

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