Lula reforça compromisso com os mais pobres e critica pressão do Congresso por cortes sociais

Presidente defende justiça fiscal e ataca privilégios em meio a embate com Legislativo sobre orçamento e arrecadação

Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press

Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press

Durante agenda em Minas Gerais nesta quinta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao que chamou de “lógica de favorecimento ao topo da pirâmide” e reafirmou o compromisso de seu governo com a população trabalhadora e mais vulnerável. Em meio à tensão com o Congresso Nacional, Lula defendeu medidas que ampliam a arrecadação e corrigem distorções que beneficiam setores mais ricos.

“Eu não fui eleito para beneficiar os ricos”, declarou o presidente, em discurso marcado por tom direto e político.

“Tenho obrigação política, ética e moral de cuidar do povo pobre, do trabalhador e da classe média”, acrescentou, num recado claro aos críticos da atual política econômica do governo.

A declaração vem na esteira da reação do Legislativo à Medida Provisória que altera regras de tributação sobre aplicações financeiras, aumenta impostos sobre apostas eletrônicas e revê isenções fiscais. A equipe econômica afirma que as mudanças são necessárias para compensar perdas com a reformulação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e garantir equilíbrio fiscal sem sacrificar políticas sociais.

Parlamentares, no entanto, articulam a derrubada do decreto presidencial sobre o IOF e defendem o corte de despesas como alternativa ao aumento da arrecadação. Para Lula, a crítica é seletiva, “Quando o dinheiro vai para banqueiro, chamam de investimento. Quando é para o povo pobre, chamam de gasto. Por que essa diferença?”, questionou.

O presidente também ironizou o incômodo de parte do empresariado com programas como Bolsa Família, Pé-de-Meia e benefícios previdenciários:

“Dizem que gastamos demais, mas não reclamam dos bilhões que seguem isentos no topo da pirâmide”.

Sem mencionar diretamente uma possível candidatura à reeleição em 2026, Lula indicou que não pretende se afastar da disputa política:

“Esse país não pode retroceder, estamos aqui para impedir isso”, afirmou, em tom de enfrentamento à extrema-direita.

O embate fiscal entre Executivo e Congresso expõe a dificuldade do governo em avançar com uma agenda de justiça social em meio à resistência de setores conservadores e econômicos. Enquanto o Planalto defende uma distribuição mais equitativa do orçamento, o Legislativo busca preservar privilégios e isenções, mantendo a conta nas costas da maioria da população.

A disputa, ainda no início, sinaliza um cenário político acirrado nos próximos meses. E, mais uma vez, o maior risco é que os interesses da base da sociedade sejam ignorados diante do peso dos lobbies no topo.

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