Marcapasso cerebral personalizado reduz sintomas do Parkinson em 50%

Um estudo publicado na revista Nature Medicine, na segunda-feira (19/8), mostra que a evolução de um dispositivo cerebral semelhante a um marcapasso pode reduzir pela metade o tempo em que pacientes com Parkinson apresentam os sintomas da doença.

A estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) é uma melhoria da estimulação cerebral profunda (DBS), técnica amplamente usada em pacientes com Parkinson.

O novo modelo responde a mudanças nos sinais cerebrais dos pacientes, ajustando a quantidade de estímulos elétricos ao longo do dia de acordo com a necessidade de cada indivíduo.

“Este estudo marca um grande passo à frente em direção ao desenvolvimento de um sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) que se adapta ao que o paciente individual precisa em um dado momento”, afirmou a médica Megan Frankowski, em comunicado à imprensa. Ela é diretora da iniciativa Brain Research Through Advancing Innovative Neurotechnologies (Brain), que ajudou a financiar o projeto.

Frankowski explica que, ao ajudar a controlar os sintomas sem agravar outros, o sistema tem potencial para melhorar a qualidade de vida de pessoas que vivem com Parkinson.

O tratamento convencional do Parkinson geralmente é feito com levodopa, um medicamento usado para repor a dopamina no cérebro. Os dispositivos de estimulação cerebral profunda são usados em casos mais graves, eles ajudam a suavizar as flutuações da quantidade do medicamento no organismo ao longo do dia, fornecendo maior estimulação quando os níveis do remédio estão muito altos ou baixos.

O levodopa atinge o pico logo após a administração do medicamento e diminui gradualmente à medida que é metabolizado pelo corpo.

O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, com financiamento do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

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Parkinson é uma doença neurológica caracterizada pela degeneração progressiva dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina

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Esse processo degenerativo das células nervosas pode afetar diferentes partes do cérebro e, como consequência, gerar sintomas como tremores involuntários, perda da coordenação motora e rigidez muscular

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Outros sintomas da doença são lentidão, contração muscular, movimentos involuntários e instabilidade da postura

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Em casos avançados, a doença também impede a produção de acetilcolina, neurotransmissor que regula a memória, aprendizado e o sono

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de a doença ser conhecida por acometer pessoas idosas, cerca de 10% a 15% dos pacientes diagnosticados têm menos de 50 anos

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Não se sabe ao certo o que causa o Parkinson, mas, quando ocorre em jovens, é comum que tenha relação genética. Neste caso, os sintomas progridem mais lentamente, e há uma maior preservação cognitiva e de expectativa de vida

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O diagnóstico é médico e exige uma série de exames, tais como: tomografia cerebral e ressonância magnética. Para pacientes sem sintomas, recomenda-se a realização de tomografia computadorizada para verificar a quantidade de dopamina no cérebro

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O Parkinson não tem cura, mas o tratamento pode diminuir a progressão dos sintomas e ajudar na qualidade de vida. Além de remédio, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Em alguns casos, há possibilidade de cirurgia no cérebro

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Implante cerebral adaptado melhora sintomas do Parkinson

O tratamento de estimulação cerebral profunda é feito com a implantação de fios finos (eletródos) em locais específicos do cérebro para a transmissão de sinais elétricos.

O dispositivo convencional (DBS) fornece um nível constante de estimulação, o que pode levar a efeitos colaterais indesejados porque o cérebro nem sempre precisa da mesma intensidade de tratamento.

Já o modelo mais moderno usa dados obtidos diretamente do cérebro de um paciente. Com o aprendizado de máquina da inteligência artificial (IA), ele consegue ajustar o nível de estimulação em tempo real.

Para testar a técnica, os pesquisadores selecionaram quatro pacientes que já usavam um dispositivo de estimulação cerebral profunda (DBS). Eles foram questionados sobre quais eram os sintomas mais incômodos que persistem apesar do tratamento. A maioria dos pacientes se queixou de movimentos involuntários ou da dificuldade em iniciar um movimento.

Depois disso, eles foram preparados para receber a combinação do DBS com a estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS).

Depois de treinar o algoritmo do aDBS por vários meses, os participantes foram enviados para casa, onde os tratamentos foram alternados a cada dois a sete dias sem que fossem informados, para comparação.

Os resultados mostraram que a técnica adaptada melhorou o sintoma mais incômodo de cada participante em aproximadamente 50% em comparação com o modelo convencional.

Embora não tenham sido informados sobre o tipo de tratamento que estavam recebendo, três dos quatro participantes conseguiram adivinhar com frequência quando estavam com a estimulação adaptada ativada devido à melhora perceptível dos sintomas.

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