Um estudo publicado na revista Nature Medicine, na segunda-feira (19/8), mostra que a evolução de um dispositivo cerebral semelhante a um marcapasso pode reduzir pela metade o tempo em que pacientes com Parkinson apresentam os sintomas da doença.
A estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) é uma melhoria da estimulação cerebral profunda (DBS), técnica amplamente usada em pacientes com Parkinson.
O novo modelo responde a mudanças nos sinais cerebrais dos pacientes, ajustando a quantidade de estímulos elétricos ao longo do dia de acordo com a necessidade de cada indivíduo.
“Este estudo marca um grande passo à frente em direção ao desenvolvimento de um sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) que se adapta ao que o paciente individual precisa em um dado momento”, afirmou a médica Megan Frankowski, em comunicado à imprensa. Ela é diretora da iniciativa Brain Research Through Advancing Innovative Neurotechnologies (Brain), que ajudou a financiar o projeto.
Frankowski explica que, ao ajudar a controlar os sintomas sem agravar outros, o sistema tem potencial para melhorar a qualidade de vida de pessoas que vivem com Parkinson.
O tratamento convencional do Parkinson geralmente é feito com levodopa, um medicamento usado para repor a dopamina no cérebro. Os dispositivos de estimulação cerebral profunda são usados em casos mais graves, eles ajudam a suavizar as flutuações da quantidade do medicamento no organismo ao longo do dia, fornecendo maior estimulação quando os níveis do remédio estão muito altos ou baixos.
O levodopa atinge o pico logo após a administração do medicamento e diminui gradualmente à medida que é metabolizado pelo corpo.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, com financiamento do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).
Implante cerebral adaptado melhora sintomas do Parkinson
O tratamento de estimulação cerebral profunda é feito com a implantação de fios finos (eletródos) em locais específicos do cérebro para a transmissão de sinais elétricos.
O dispositivo convencional (DBS) fornece um nível constante de estimulação, o que pode levar a efeitos colaterais indesejados porque o cérebro nem sempre precisa da mesma intensidade de tratamento.
Já o modelo mais moderno usa dados obtidos diretamente do cérebro de um paciente. Com o aprendizado de máquina da inteligência artificial (IA), ele consegue ajustar o nível de estimulação em tempo real.
Para testar a técnica, os pesquisadores selecionaram quatro pacientes que já usavam um dispositivo de estimulação cerebral profunda (DBS). Eles foram questionados sobre quais eram os sintomas mais incômodos que persistem apesar do tratamento. A maioria dos pacientes se queixou de movimentos involuntários ou da dificuldade em iniciar um movimento.
Depois disso, eles foram preparados para receber a combinação do DBS com a estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS).
Depois de treinar o algoritmo do aDBS por vários meses, os participantes foram enviados para casa, onde os tratamentos foram alternados a cada dois a sete dias sem que fossem informados, para comparação.
Os resultados mostraram que a técnica adaptada melhorou o sintoma mais incômodo de cada participante em aproximadamente 50% em comparação com o modelo convencional.
Embora não tenham sido informados sobre o tipo de tratamento que estavam recebendo, três dos quatro participantes conseguiram adivinhar com frequência quando estavam com a estimulação adaptada ativada devido à melhora perceptível dos sintomas.
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