Em menos de um mês, São Paulo registrou nove casos e duas mortes de intoxicação por metanol presente em bebidas alcoólicas adulteradas. As mortes ocorreram na capital paulista e em São Bernardo do Campo, e a causa do envenenamento foi confirmada pelo Centro de Vigilância Sanitária (CVS) nesse sábado (27/9).
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A suspeita das autoridades brasileiras é que o metanol tenha sido usado para adulterar bebidas alcoólicas, como gin, whisky e vodka. Ambas mortes são investigadas pela Polícia Civil de cada região.
O metanol é uma substância química líquida, incolor, volátil e inflamável. Na indústria, é utilizado na fabricação de plásticos, combustíveis e medicamentos, além de ser usado como solvente. Em contato com o organismo, o composto é extremamente tóxico, podendo causar cegueira, danos neurológicos e até levar à morte.
Sintomas iniciais da intoxicação por metanol
Os primeiros indicativos começam a surgir de 12h a 24h após a ingestão da bebida adulterada. Entre os principais sintomas estão:
- Dor de cabeça.
- Náuseas e vômitos.
- Dor abdominal.
- Confusão mental.
- Visão turva repentina ou cegueira.
Como o metanol age no corpo e riscos da ingestão
Assim que entra na corrente sanguínea, o metanol vira ácido fórmico, uma substância bastante prejudicial à saúde celular que diminui a oxigenação das células, as intoxica e ainda pode atacar o sistema nervoso central, rins e olhos.
No caso dos olhos, os altos níveis de toxicidade associados à falta de oxigênio afeta o nervo óptico, provocando neuropatia óptica, condição inflamatória que provoca dor ao movimentar os olhos, além de perda temporária de visão. Caso não tratada imediatamente, pode causar cegueira.
“O nervo óptico funciona como um cabo que leva as informações do olho até o cérebro. Quando ele é danificado, chamamos de neuropatia óptica. Essa lesão pode ser causada por toxinas, inflamações ou problemas de circulação, e pode comprometer a visão de forma temporária ou definitiva”, explica o oftalmologista Antônio Sardinha, do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), no Mato Grosso.
A intoxicação causada no sistema nervoso central pode ocasionar prejuízos sérios no fígado, rins, pâncreas e até no cérebro, podendo levar ao óbito.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da intoxicação é realizado através do histórico clínico do paciente, além de exames de sangue e imagem para confirmar a condição.
Para o tratamento, são utilizados antídotos para diminuir a toxicidade, bicarbonato para corrigir a acidez do sangue e vitaminas. Em casos graves, há necessidade de hemodiálise.
“Mesmo com tratamento, muitos pacientes ficam com sequelas visuais permanentes. É uma emergência médica e oftalmológica. O atendimento rápido é essencial para salvar vidas e preservar a visão”, ressalta a oftalmologista Hanna Flávia Gomes, do CBV-Hospital de Olhos, em Brasília.
“A dica para prevenir intoxicação por bebida adulterada é observar na garrafa o registro Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além do lacre de segurança e o selo fiscal”, ensina o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas (SP).
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